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Produção artística: melhorou ou piorou? | Afrodite

Produção artística: melhorou ou piorou?

Melhor, pior? Será que tudo de bom já foi inventado? Não é raro ouvirmos amantes das artes defenderem que as criações de “antigamente” esbanjavam qualidade e que hoje há muitas produções rasas, de gosto duvidoso e reproduções de criações antigas. Será mero saudosismo de quem lembra da sua juventude – e até mesmo de um tempo que não viveu – ou você concorda que a produção artística tem deixado a desejar?

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Cibele Tedesco
Cantora, professora e regente coral

É VERDADE que muitas coisas boas já foram inventadas,
porém, ainda acredito no aparecimento de tantas outras!
Afinal, o novo tem o antigo refletido em si, mesmo que inconscientemente.
As produções atuais agradam o público atual, assim como as antigas,
o antigo, pois é natural de cada geração gostar do que é contemporâneo
a si, até por uma questão de identificação com o momento. Por isso,
é comum ouvir pessoas defendendo as obras antigas como
criações excelentes e as manifestações artísticas atuais como sendo
medíocres, sem essência e sem qualidade. Vivenciei isso quando comecei
a escutar música e cantarolar em casa.
A meu ver, é importante respeitar e valorizar o passado justamente
por ele ser a fonte de onde bebem as novidades: é a base do pensamento
atual. Entretanto, é importante conviver com as novas gerações,
observando nas suas produções como se refletem medos,
dúvidas e alegrias. Destarte, estar aberto às novas artes
significa comunicar-se com o presente, descobrindo novas formas de ver o mundo.

Claudete Matias
Consultora de arte

PRODUÇÃO artística nos tempos de hoje! Produção duvidosa,
mero saudosismo de outros movimentos ditos como melhores...
Respeitando todas as opiniões neste momento em que a empatia
está tão longe do nosso dia a dia, a arte retrata seu tempo e, em
cada momento, conta a história deste tempo tão significativo para
o crescimento do ser humano, bem como seu registro.
Hoje, sem dúvida alguma, a arte está presente no nosso cotidiano,
fazendo questionamentos, trazendo empatia, beleza, discórdia em
alguns observadores, mas sobretudo presente nesse momento
do nosso tempo. Sentimentos humanos, no passado e agora.
Por essa razão, me atrevo a dizer que a arte nunca foi tão
importante como hoje. No confinamento dos nossos lares, o
conforto se dá também através do olhar, da obra de arte, da música,
do livro no silêncio do momento, quando a arte conversa com
seu observador. A arte contemporânea é linda, inteligente,
atual. Viva seu criador! Onde o limite não existe e, sim, seu olhar para o século XXI.
Claudia Priscila Hackbart
Escritora

SAUDOSISTA que sou, sempre que penso nesta questão respondo:
Sim! Mas, acreditar que não há mais nada de bom a ser criado, não
seria o mesmo que dizer que a humanidade parou de evoluir?
Eis um paradoxo digno de muita reflexão. Posso até desanimar
quando me deparo com uma produção que não faz o meu estilo.
Assim como, no passado, esbarrei em criações rasas.
A cada geração, os interesses se renovam. Sofremos
influências devido a mudanças culturais, sociais e da história que
se transforma. Hoje há facilidade em produzir, divulgar e acessar.
Isso contribui para que o conteúdo considerado ruim seja facilmente
escancarado. Aqueles que ainda se encontram à deriva, se deixam
levar pelo vento da maioria, são condicionados culturalmente e tomam
para si uma tendência que não lhes pertence. Criando uma opinião
superficial, muitas vezes, reducionista. Ainda há muito o que fascinar e
o que decepcionar. O lado bom da criação é que a arte sempre
surpreende e impressiona. É o próprio reflexo da essência humana.