Era o ano de 1963 quando a primeira personagem feminina criada por Mauricio de Sousa apareceu. Inspirada em sua filha, Mônica estreou em uma tirinha do Cebolinha, publicada no jornal Folha da Manhã (atual Folha de São Paulo). Desde o começo, a personagem já mostrava que não era preciso corresponder a determinado estereótipo de beleza para ser líder e que as meninas podem, sim, ter o seu espaço e ser Donas da Rua.
Para provar que todas as garotas são heroínas natas como a Mônica, a Mauricio de Sousa Produções (MSP) criou um projeto incrível, a fim de encorajar essa força feminina a ganhar mais voz. “O Donas da Rua veio da necessidade de incentivar as famílias a conversarem sobre esse tema com as crianças. Ele foi pensado para mostrarmos às meninas desde cedo que elas têm direitos e devem ser apresentadas a maior gama possível de possibilidades, sem limitações por serem meninas. O objetivo é falar sobre a importância de um mundo com mais igualdade desde a infância, pois defender os direitos das mulheres também é uma questão de direitos humanos”, contou Mônica Sousa, Diretora Executiva da MSP.
Com mais de 50 anos de história, a empresa é a maior produtora de histórias em quadrinhos do Brasil, sendo responsável pela Turma da Mônica, uma das marcas mais admiradas do país, e pela alfabetização informal de milhões de brasileiros. Assim, o projeto tem como base a influência dos personagens da Turminha, capaz de transmitir mensagens positivas, trabalhar a autoestima das meninas e ainda incentivar o respeito e a igualdade. “Nós acreditamos que meninos e meninas podem aprender a conviver respeitosamente desde cedo. Isso já existe nas histórias, todos brincam de casinha, de futebol, de viagem espacial, do que quiserem brincar. Sempre juntos e com os mesmos direitos e oportunidades”, ressalta. Desde 2007, a personagem Mônica é embaixadora do Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef), sendo uma das defensoras dos direitos das crianças e dos adolescentes. No dia 8 de março de 2016, com o Projeto Donas da Rua, a MSP se tornou signatária dos Princípios de Empoderamento das Mulheres da ONU Mulheres. Fundamentada na visão de igualdade consagrada na Carta das Nações Unidas, a instituição trabalha pela eliminação da discriminação contra mulheres e meninas e a favor da igualdade de gêneros no que diz respeito ao desenvolvimento, direitos humanos, ação humanitária, paz e segurança.
Na prática, além das redes sociais, o Donas da Rua conta com um site, que funciona como principal ponto de interação entre a MSP, os personagens e as crianças, além de ser uma plataforma colaborativa em que meninas e mulheres podem enviar textos, fotos ou vídeos relatando o que as fazem sentir como verdadeiras Donas da Rua. No endereço, ainda é possível encontrar informações sobre mulheres que fizeram história, além de tirinhas que falam sobre empoderamento.
Com o apoio da ONU Mulheres, a equipe da MSP também está melhor preparada. Neste ano, os roteiristas participaram de um workshop sobre o tema, para que os quadrinhos se tornem cada vez mais educativos. Com isso, desde setembro, as tirinhas publicadas nas últimas páginas dos gibis foram dedicadas ao projeto.
Nos últimos meses, Mônica Sousa tem se dedicado a palestras em escolas da rede pública e participado de fóruns e debates sobre o assunto. “Donas da Rua é, com certeza, uma missão que nós temos com as nossas crianças, de ajudá-las a entender e a conhecer seus direitos, usando sempre o principal pilar da Turminha, que é a educação. Por isso, estamos nos aproximando ainda mais das famílias e buscando nos envolver com o tema”, expõe.
E não para por aí: em dezembro, acontecerá o Soccer Camp Donas da Rua, em São Paulo. O evento será destinado a meninas entre 6 e 18 anos e visa conscientizar crianças e adolescentes sobre a importância das práticas esportivas, disseminar valores como disciplina e espírito de equipe, além de difundir o interesse no futebol feminino para as meninas brasileiras, proporcionando novas oportunidades a cada uma delas.
“As pessoas estão muito felizes em ver a Turminha engajada em um assunto tão importante e atual. Além disso, sabemos que meninas e mulheres em todo o Brasil se identificam com a Mônica ou desejam ser como ela. Desde a sua criação, ela é um exemplo de que as meninas devem ter seu espaço garantido na sociedade, sem aceitar qualquer tipo de violência”, comemora, deixando ainda um recado.
“Convido todas a entrarem no site e deixarem um depoimento, em texto ou vídeo, contando o porquê de se sentirem uma Dona da Rua ou sobre uma Dona da Rua que as inspiraram! Suas histórias podem inspirar outras meninas a acreditarem em si mesmas!”, finaliza, comemorando o sucesso do projeto, tão essencial.