No penúltimo dia de ALTAROMA, evento organizado por Silvia Venturini Fendi para promover jovens estilistas locais, Giambattista Valli (que nasceu na capital italiana) bateu um papo sobre seu amor por Roma com o jornalista Dan Thawley, editor-chefe da A Magazine Curated By, no audiotório do Museu MAXXI (Museo Nazionale delle Arti del XXI Secolo).
“Eu estava passeando de madrugada pelas ruas da cidade com Francesca [Fendi] e ela estava me dizendo que, quando está por aqui, chega em casa, deita na cama, e fecha os olhos por ‘já ter visto beleza demais por um dia'”, contou o couturier que, atualmente, mora em Paris, onde tem seu ateliê.
“Roma é realmente um choque. Há beleza por onde você olha de maneira que, quem nasce aqui, fica até meio mimado.” Para o estilista, o efeito tem dois lados: “Ao mesmo tempo em que você se sente seguro e confortável, isso pode te tornar um preguiçoso, o que não é bom.”. Ainda sobre sua cidade-natal, ele também falou sobre a paixão que tem pelos seus contrastes. “Uma coisa é você ver uma estátua em um museu como o METou como o Louvre. Outra coisa é ver uma estátua do mesmo período com uma pomba ou uma gaivota sobre ela, na rua, como em Roma.”
Agradecido pelo convite das “mulheres Fendi” (que organizaram a sua vinda de Paris à capital italiana) o estilista fez um apelo aos novos designers locais.
“Respeitem a cidade. Acho que todos nós precisamos enxergar o valor dela que eu, por exemplo, percebo com muito mais intensidade agora que não moro mais aqui”, pedia. Vale lembrar que, recentemente, a família Fendi restaurou, com sua própria fortuna, alguns monumentos históricos da cidade exatamente neste intuito.
Na onda de conselhos para a carreira, o designer aproveitou para dar uma bronca na geração da vez: “Trabalhar com moda é algo muito amplo, para começar. Você pode estar no marketing, pode costurar, pode escrever, pode estar em mil lugares diferentes. Isso é a primeira coisa que você tem que decidir. Depois disso, precisa descobrir qual a sua visão, apurar o olhar. Vocês têm tudo na mão. (…) No meu tempo, não tinha internet e viajar era muito difícil. Aproveitem essa oportunidade. Além disso, saiba: trabalhar com moda não tem nada a ver com viver uma vida glamourosa. Trabalhar com moda é uma paixão. Uma paixão que, muitas vezes, vai sugar a sua vida. Não perca a sua vida por algo que, de repente, não é a sua praia. Pense bem e boa sorte.”