Outubro é sempre um convite à reflexão, ao renascimento e à transformação. No ensaio da edição 69 da Afrodite, Michelle, Daniele, Andréia e Gisi se doam como telas em branco onde o visagista Jefferson Hoffmann imprime por meio da força das cores e emaranhado de linhas o turbilhão que o câncer de mama traz para a vida de milhares de mulheres todos os anos. De 2020 a 2022, estimam-se, em média, 66 mil novos casos, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), com aumento significativo em mulheres abaixo dos 40 anos.
A estatística mostra que a vida nos prega peças... ora esquenta, ora esfria, aperta, depois afrouxa, e nós vamos criando cascas. O câncer vem como um casulo, tornando possível enxergar cada camada no intuito de saná-las e, após uma metamorfose dolorosa e incerta, surge o despertar com um inesquecível voo para a vida.
Elas são inspiração para uma verdade real: o câncer de mama tem cura!
MICHELE MANFROI "O câncer foi como se um abismo se abrisse diante dos meus olhos. A morte se mostrou. Eu tinha pouco tempo pra decidir como iria passar pelo processo. E somente uma coisa veio na minha cabeça: eu vou viver. Quando decidi que meu ano não seria de doença e sim de vida, coloquei mais cor nos meus dias. Utilizei meu conhecimento como visagista e colori minhas maquiagens e roupas. Ouvi música e optei por fazer coisas que me faziam bem. Todos os dias pela manhã agradeci por estar viva. Meus momentos com a minha filha Malu, de cinco anos, passaram a ser mais especiais ainda. E entendi que ninguém é mais importante do que eu mesma. A minha alma aprendeu a viver."
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DANIELE LOPES "Tenho 32 anos, sou mãe de uma menina de seis e divorciada. Recebi o diagnóstico de CA em outubro de 2020, um câncer de mama triplo negativo grau 3. Após o diagnóstico, eu tinha apenas uma escolha: vencer. Minha filha pequena depende de mim e eu nunca cogitei a possibilidade de deixar de viver o sonho de ser mãe. Fácil? Não foi. Mas foi graças ao autoexame que eu descobri no início e tive a oportunidade da cura. Poderia falar durante duas horas todas as provações e superações. Mas quero te dizer: Te toca, menina." |
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ANDRÉIA SACHET "Quando recebi o diagnóstico de CA de mama, meu mundo desmoronou. Pensei nos meus filhos, Bernardo com quatro anos na época, e Martim com 5 meses, e no meu marido, Jean. Tive o apoio da minha família, que foi essencial, então decidi enfrentar o processo com leveza e bom humor, sem me colocar na posição de vítima.Durante o tratamento, conheci mulheres que se tornaram amigas, as quais chamamos carinhosamente de Oncofriends, pois quem passa por situação semelhante, entende as nossas dores e aflições. Apesar de tudo, nunca me senti doente." |
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GISI FIUZA "Cocriação, premonição ou acaso, acabei sendo diagnosticada com um carcinoma invasor grau dois e, durante todo meu processo, o câncer foi um grande mestre que me ensinou o real valor do amor, da família e da amizade, que o cabelo vai muito além do ego e da vaidade e que, quando necessário, suportamos a dor sorrindo, superamos os maiores medos com fé e confiança. O câncer pode ser, sim, um mecanismo de cura da alma. Seguirei tratando pelos próximos cinco anos na certeza de que estou curada para ser instrumento de apoio para cada um que precisar de mim. Câncer de mama tem cura." |
Ficha técnica
Conceito, produção: Gisi Fiuza
Fotografia: Wéllington Damin
Beleza: Jefferson Hoffmann
Agradecimento: Intimissimi