Abençoada, beijo-de-copo e jeitosa. Esses e mais de 600 outros vocábulos dão nome à cachaça. Esta quinta-feira (13) é dia dela – Dia Nacional da Cachaça - uma homenagem a esse produto genuinamente brasileiro, conhecido mundialmente.
Sendo a 2ª bebida alcoólica mais consumida pelos brasileiros, exportada para mais de 60 países, e um dos quatro destilados mais consumidos em todo mundo, 13 de setembro foi escolhido por fazer referência ao dia no qual a Corte Portuguesa assinou a permissão para a comercialização da Cachaça no Brasil - 13 de setembro de 1661 - impulsionada pela Revolta da Cachaça, que levou à legalização da bebida, proibida na época.
Isso porque, com o aprimoramento da produção, a Cachaça passou a ganhar importância econômica e a concorrer com a própria Bagaceira e o vinho do Porto da Corte. Contrariados com a desvalorização de sua bebida típica, a Bagaceira, produzida do bagaço da uva, os portugueses proibiram a fabricação da cachaça e seu consumo na colônia brasileira. O levante fez Portugal recuar da proibição e decidisse apenas cobrar impostos sobre o destilado.
Sua origem
Embora haja muitas estórias pitorescas sobre o marco zero da Cachaça no Brasil, há duas versões que tentam explicar alguns fatos que precederam o início da destilação, há aproximadamente 500 anos. A primeira, mais aceita, relata que os portugueses, acostumados a tomar a bagaceira, destilado de casca de uva, improvisaram uma bebida a partir da fermentação e destilação de derivados do caldo da cana-de-açúcar, que produzia o mesmo efeito prazeroso do destilado português.
A outra versão conta que, nos engenhos de açúcar, durante a fervura da garapa para fazer o açúcar, surgia uma espuma que era retirada dos tachos e jogada nos cochos dos animais. Com o tempo, o líquido fermentava e transformava-se num caldo, a que se dava o nome de "cagaça", que parecia revigorar o gado, que frequentemente ia consumi-lo. Percebendo esses efeitos, os escravos experimentaram e passaram também a bebê-lo. Como os portugueses já conheciam as técnicas de destilação com alambiques, começaram a destilar o mosto fermentado da cagaça, provavelmente também do melaço, subproduto da produção de açúcar, e do próprio caldo de cana dando origem à Cachaça – a aguardente de cana brasileira.
Seu uso
A Cachaça excede como base para coquetéis, em especial aqueles com frutas, além da utilização do destilado na tradicional e conhecidíssima caipirinha que, em 2018, completa 100 anos - um drink refrescante e saboroso que, para ser autêntico, deve ser feito exclusivamente com cachaça.
A versatilidade da bebida na coquetelaria vem se mostrando igual ou mesmo superior a da Vodca, do Gin ou do Rum. Tanto é que vários bartenders a utilizam para reinventar drinks famosos, tais como o Mojito, Dry Martini e a Margarita.
A grande variedade, considerando a diversidade regional de sua produção, com as muitas opções entre as não envelhecidas e as envelhecidas nas inúmeras madeiras, cada uma com impactos sensoriais distintos, vem proporcionando uma base extensa de experimentação de coquetéis contemporâneos, tanto no Brasil como internacionalmente. É essa quantidade de atributos que faz a Cachaça um destilado distinto dos demais, que vem conquistando espaço e angariando novos fãs no mundo todo.
Essa diversidade proporciona uma releitura da Cachaça pela mistura de bebidas, sabores e aromas. Confira uma receita:
Cachaça Mojito
Ingredientes:
8 folhas de hortelã
40 ml de Cachaça branca ou envelhecida (sugestão de madeira Amburana)
20 ml de suco de limão
80 ml de água com gás
1 colher de açúcar
Preparo: em um copo longo, adicione o hortelã, o açúcar e o suco de limão. Em seguida, coloque aproximadamente quatro pedras de gelo, a cachaça e complete com água gaseificada.
Fontes: Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC), professor e sommelier de Cachaça, Jairo Martins, e Mestre Derivan. Foto Mauro Holanda