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Delcio Antonio Agliardi | Leia mais na Revista Afrodite

Delcio Antonio Agliardi

Não há muito espaço livre na agenda de Delcio Antonio Agliardi, que divide a rotina entre as aulas nos cursos de licentciatura da Universidade de Caxias do Sul (UCS), as atividades como coordenador do programa UCS Sênior e das ações voltadas para a formação continuada de professores, e também como vice-presidente da Associação Criança Feliz. Ainda assim, encontra tempo para escrever e publicar livros de literatura e, neste ano, aceitou o desafio de ser patrono da Feira do Livro de Caxias do Sul, cidade que ama. 
Natural de Machadinho (RS), nasceu no campo e cresceu em uma casa sem energia elétrica, mas que rendeu ótimas recordações. Na cidade natal, concluiu o ensino fundamental e depois partiu para Ipê, onde foi seminarista junto aos freis capuchinhos enquanto fazia o ensino médio numa escola pública. Veio a Caxias em 1984 para ingressar no curso superior de Filosofia e iniciar a carreira profissional, lecionando para alunos do Ensino Fundamental no Colégio São João Batista, motivado pela crença de que a educação é a grande alavanca para o desenvolvimento humano. 
Já são 35 anos de atividade como educador, cinco livros publicados e participação em outros cinco no formato antologia. Também graduado e doutor em Letras, tem especialização em Direito da Criança e mestrado em Educação. “Como professor tive que me aperfeicoar o tempo todo. Sou um “ensinante” e “aprendente”, por isso essa é uma das profissões mais fabulosas, nos exige esse movimento constante”, afirma o escritor, que ainda transitou por cursos de fotografia, atividades relacionadas ao teatro e à musica, e se dedica à pesquisa. 
Nem é preciso dizer que quando não está trabalhando, uma das suas atividades favoritas é ler, mas reserva um tempo para alguns hobbies, como cuidar das plantas, incluindo a mais recente aquisição, um bonsai de jaboticabas. Outra atividade de que gosta muito é cozinhar, especialmente peixes feitos no forno, como sua tradicional receita de côngrio com bananas. 

Família

Agliardi casou jovem, aos 21 anos, e tem dois filhos, Ricardo, 30 anos, e Vinicius, 24, do primeiro casamento. Atualmente vive com Patrícia Giuriatti, com quem compartilha a paixão pela área da educação. Adora estar com os pais e com os quatro irmãos, “tê-
los presentes é sempre motivo de alegria”. A mãe aliás, sem querer, acabou sendo peça importante na caminhada literária. “Quando saí de casa, tinha que escrever cartas para me comunicar com a minha mãe, o que foi ótimo e acabou ajudando no processo de escrita.” 

Literatura 

Desde a década de 1990, quando escreveu uma peça de teatro infantil para uma atividade escolar, não parou mais. O desejo de tirar os textos da gaveta, no entanto, surgiu apenas em 2010, quando publicou o primeiro livro, Duetto Poético, com Raquel de Marco.
 Em 2019, o escritor foi surpreendido com o convite para ser Patrono da 35ª Feira do Livro. “Não imaginava ser patrono na cidade que amo, é um momento único e foi um evento muito rico, recebemos quase 300 mil pessoas, posso afirmar que é uma festa popular.” 
Além de trabalhar muito na organização, Agliardi teve oportunidade de fazer contato com o público, os livreiros e os leitores de suas obras. “É incrível ver o que o leitor faz com o texto que você escreveu e isso faz refletir: por que não pensei nisso enquanto escrevia?”, diverte-se. Pouco antes da feira, lançou o livro A Caixa Dourada, que é muito especial em sua vida por dois motivos: é comercializado simultaneamente em quatro países de língua portuguesa: Brasil, Angola, Portugal e Cabo Verde, e foi ilustrado pelo filho, Vinicius, que é designer e ilustrador.

Voluntariado

Vice-presidente da Associação Criança Feliz, cargo que assumiu em 2017, participa da organização social desde sua criação, por isso, sente uma grande responsabilidade em relação à comunidade e às crianças atendidas pelo projeto. Comemora o fato da entidade estar chegando aos 25 anos de contribuição com a sociaedade com solidez pedagógica. “Sou um humanista convicto, o mundo se torna melhor se as pessoas são melhores, mas é necessário fazer coisas concretas e não ficar apenas no discurso”, destaca. 

Envelhecimento 

“A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer. A barba vai descendo e os cabelos vão caindo pra cabeça aparecer... esse é um trecho da música Envelhecer, que o músico Arnaldo Antunes dedicou a ele mesmo ao completar 50 anos.” A partir dela Agliardi começou a refletir sobre os anos a mais na estimativa de perspectiva de vida que viemos ganhando nos últimos anos e sobre a ação do tempo. 
Convidado a participar como coordenador do programa para melhor idade da universidade, mudou seu nome para UCS Sênior e o amplificou para as demais cidades da região. Hoje o programa tem quase 500 alunos. “Por que trabalho com crianças e idosos? São as duas pontas da vida. Uma com a primeira fase, a outra com uma etapa diferente. Na velhice cabem todas as experiências da infância, juventude e adultez”, explica o escritor, que já prepara um livro de crônicas com essa temática. 

Projetos

Como pesquisador, Agliardi decidiu olhar para os poetas caxienses que participam do Concurso Anual Literário. O objetivo é conhecer esse legado cultural e valorizar os artistas locais. Os resultados estão sendo apresentados durante eventos acadêmicos. Em 2020 pretende lançar dois novos livros, um de prosa e outro de poesia, ambos infantis, apesar de não ser adepto ao rótulo. “Me vejo escrevendo para pessoas, literatura infantil é para qualquer pessoa, é o que torna a vida incrível”. 
Após uma viagem a Portugal, em 2016, durante um estágio de investigação para o doutorado, ficou encantado com as estruturas das bibliotecas escolares. A experiência foi tão agregadora que planeja retornar a Portugal para dar continuidade às pesquisas nesta área.