Há consenso de que quando a crise provocada pelo novo coronavírus passar, não seremos os mesmos de antes. Pesquisa realizada pelo Datafolha mostra que a maioria acredita que se tornarão pessoas melhores, mas há quem acredite o contrário. É você, o que acha? O fato é que, se não fizermos nada para mudar, nada será diferente. Aqui, algumas dicas para nos ajudar nessa evolução.
A pandemia mudou nossas vidas. Estamos contando os dias para tudo isso passar e voltarmos a uma rotina “normal”. É fato que o mundo após a crise mundial de saúde – e econômica – não será o mesmo, mas será que vamos mudar para melhor?
De acordo com pesquisa Datafolha realizada entre os dias 11 e 12 de agosto, 73% dos brasileiros acham que irão se tornar pessoas melhores quando o novo normal estiver definido. Para 23% dos entrevistados, isso não os fará nem melhores e nem piores, apenas iguais ao que eram antes do surgimento do novo coronavírus. Há também aqueles que se imaginam versões pioradas de si mesmos ao fim desse período (1%) – 2% não souberam responder. A pesquisa ouviu 2.065 brasileiros de todas as regiões e estados do país.
A verdade é que não sabemos como será, mas Legião Urbana já cantava “A humanidade é desumana, mas ainda temos chance...”
Equilíbrio mental e emocional
Estudos mostram que a saúde mental se deteriorou como resultado do estresse e da preocupação com o desenvolvimento da Covid-19. O sofrimento causado pela pandemia deve permanecer por algum tempo e muitas pessoas irão vivenciar perdas inimagináveis. Muitos terão perdido familiares queridos, um enorme número de pessoas não terá mais seu emprego e centenas de milhões terão sentido a ansiedade e a solidão do isolamento social. Mesmo diante de tudo isso, é possível tirar algo de bom: a nossa escolha. Podemos aprender, a partir dessa experiência, a fazer diferente no futuro, a tomar caminhos que conduzam a outros resultados.
A psicóloga e mastercoach Edgmara Giordani avalia que as pessoas estão se ajustando, seja para melhor ou para pior. Ela acredita que o comportamento humano vai mudar absurdamente, mas o que esperar ainda é uma incógnita. “Otimista que sou, torço para que seja uma mudança para melhor.” Na sua percepção, as pessoas estão se desenvolvendo enquanto seres humanos, buscando compreender a espiritualidade, olhar para dentro de si, para a alimentação e a saúde, um movimento que irá, sim, trazer melhorias para a humidade, e é enfática: “Ou você evolui ou padece, não tem linha do meio.”
Reinvenção ou reclamação, esses são os dois caminhos que se pode seguir de acordo com a psicóloga. “Quem tem uma mentalidade e percepção de que o mundo não acabou por causa da pandemia, se reinventou.” Nesse sentido, entende que teremos duas classes de pessoas: as que se reinventaram e deram a volta por cima, e as pessimistas e negativas, para as quais tudo é problema. “Ou seja, vai ter um grupo muito melhor após a pandemia, mas vai ter outro que se manterá na reclamação.”
O olhar para a comunidade é a aposta da terapeuta energética Fátima Biasoli para sairmos da crise menos egoístas e individualistas. “Já era previsível, astrologicamente, que iríamos ter um sacudão, porque Plutão está em Capricórnio.” Segundo ela, o alerta que estamos recebendo neste momento é para olhar menos para “nosso umbigo” e começar a fazer escolhas que beneficiem a todos enquanto comunidade. “Não sei se isso vai acontecer, mas o convite é para pensarmos em todas as questões da nossa vida, se realmente precisamos de tanto consumo, se nossas ações são benéficas para o planeta. Olhar para o nosso egoísmo é o convite.”
Solidariedade em comunidade
A solidariedade se torna ainda mais necessária em tempos de crise. José Alfredo Nahas, superintendente da ONG Parceiros Voluntários, resgata o conceito de trabalho voluntário para estimular o se doar ao outro: “O que se faz sem receber nada em troca, sem remuneração, se disponibilizando ao outro. As pessoas tinham muito a ideia de que para ser voluntário era preciso entrar para uma organização social, mas o ato de ajudar o vizinho idoso nas compras do mercado também é trabalho voluntario.”
Ele avalia que a pandemia, apesar de problemática, possa ser vista como uma oportunidade de se recriar e repensar os valores, de despertar a atitude de cidadão. “Se isso vai continuar, não se sabe. Penso de forma positiva e entendo que sim, vai continuar.” A situação atual despertou uma onda de solidariedade pelo mundo afora e, para manter esse engajamento, Nahas acredita na juventude. Para ele, as novas gerações têm a consciência de que como o mundo estava caminhando não é mais possível viver. “Há um aumento significativo de jovens que querem um propósito para suas vidas, querem trabalhar em empresas que tenham um impacto positivo nas comunidades. Os jovens já estão vivenciando isso e não vão deixar de praticar.”
Educação financeira para o futuro
Diferente das crises pelas quais o mundo já passou, a pandemia da Covid-19 atingiu bem mais que a saúde da população. Provocou o isolamento das pessoas e, com isso, deu início a uma outra crise gigantesca, a econômica, em todos os setores, não foi seletiva.
Assim, mesmo quem não teve rendimentos reduzidos, tem motivos para se preocupar. As previsões sobre as consequências do distanciamento social são muito diversas, alguns economistas acreditam que a recuperação da economia será muito rápida, em “V”, outros são menos otimistas. Alguns falam sobre o perigo da inflação, mas com o auxílio emergencial liberado pelo governo federal, muitas pessoas que sequer tinham renda começaram a ter um recurso, dinheiro que voltou para o mercado. Então, tudo ainda é especulação, por isso, é preciso cautela.
“Pelos meus estudos e experiência com a educação financeira do brasileiro em geral, os gastos não são pensados e planejados. Se a renda familiar aumentar, tendem a aumentar no mesmo mês”, explica economista e consultora de empresas, Mônica Paraboni, que também observa o inverso, ou seja, quando a renda baixa, os gastos diminuem e as famílias se endividam com empréstimos e financiamentos que já possuíam.
Ter uma reserva de emergência é um exercício, requer paciência e persistência como qualquer atividade, observa a especialista. As pessoas pensam que precisam ter dinheiro “sobrando” para guardar recursos, e como para muitas famílias isso dificilmente acontece, economizar nunca é viável. É preciso gastar menos do que se ganha e ser organizado. Mais do que ter dinheiro para pagar contas, Mônica afirma que a reserva de emergência mantém a harmonia na família. “Problemas econômicos geram brigas, desentendimentos, as decisões precipitadas são frequentes, faz-se coisas sem pensar direito.”
Saber o quanto se gasta e no que é outro ponto fundamental para ser financeiramente saudável. A economia é cíclica, momentos bons não duram para sempre, assim como os ruins também não. Ter essa consciência nos permite entender que o controle de gastos tem de existir quando se tem muito dinheiro e quando ele está em falta também.
Transição profissional
Tomar a decisão de mudar de profissão não é tarefa fácil. Fazer transição de carreira durante uma pandemia requer ainda mais coragem. A dica é ter cautela, como todo processo de mudança. Portanto, seguir alguns passos ajudam e podem ser fundamentais para o sucesso nesse novo caminho.
O conselho de Carolina Maino, mentora de propósito, é avaliar a si mesma, entrar em um momento de autoconhecimento e entender se o que você está fazendo hoje condiz com seus valores. “Por exemplo, você quer ter horários flexíveis, trabalhar só à tarde porque pela manhã quer ficar com a filha em casa, quer autonomia, independência... então precisa de um negócio próprio, porque dentro de uma empresa é preciso acatar ordens das quais nem sempre se concorda.” A especialista observa também a necessidade de a profissional avaliar se tem perfil empreendedor ou de funcionário. “É uma avaliação interna para descobrir se você está no local e trabalhando no formato corretos, e precisa de ajustes para fazer o seu melhor.”
Mesmo para quem não pretende mudar de profissão, há lições vindas deste período para melhorar cada vez mais profissionalmente, afirma Carolina. “Olhar para sua situação de trabalho, para seu empregador ou para seu negócio, serviço, produto, para a forma como atende as pessoas e verificar o quanto você está sendo assertiva, o quanto está superando as expectativas dos clientes, o quanto realmente entrega de valor para eles... “Na nossa realidade atual, ninguém mais tem tempo para aceitar a mediocridade, aquele serviço mediano.” Para a mentora, o momento é de fazer o melhor para estar e permanecer no mercado, diferentemente de antigamente, quando o objetivo era se destacar dentro da sua área de atuação.
A imagem pessoal
Em distanciamento social, as pessoas passaram a se observar mais, se conhecer melhor através do olhar para dentro de si. Muitas se adaptaram e, ao entender o real valor da singularidade, refletem a própria imagem através do vestir, do cabelo e da maquiagem. E quanto mais se conhece, mais fácil acaba transmutando sua personalidade através do que usa.
Especialista em imagem e estilo pessoal, Cristine Carvalho conceitua essa nova vestimenta, que não considera um simples vestir, mas um vestir com sentir. “Acho que pela primeira vez na história da humanidade vamos conseguir entender o real valor na empatia do vestir.” Segundo ela, até então, não havia a preocupação em ler, nas entrelinhas das roupas, o que o ser humano estava querendo passar como mensagem, o seu sentimento de alma. Agora, porém, acredita que as pessoas pararam para analisar, fazer uma interpretação desse novo vestir e se conectar como ser humano.
Ela chama atenção ainda para outros fatos, como o de nunca ter se usado tanto salto baixo como agora, o que coloca a pessoa no mesmo patamar de quem está ao lado, provocando um olhar empático para o outro, além da preferência por roupas com textura, que convidam as pessoas a se aproximarem. “Mesmo não podendo nos tocar, olhamos com vontade de abraçar, preocupadas com o outro.” A roupa escura também está sendo substituída pelas com cor, que deixa quem nos olha mais feliz. “Vamos conseguir usar a empatia para o vestir, conectando com outro e entendendo realmente quem é o ser humano”, destaca e observa a importância da roupa nesse processo, por ser o que está mais próximo ao nosso corpo. “Como não podemos abraçar as pessoas, acabamos abraçando a nossa roupa, nos conectando a ela.”
Nunca fez um planejamento financeiro? Agora é a sua melhor oportunidade
Curto prazo
Médio prazo
Longo prazo
Bons hábitos para manter após a quarentena
Da alimentação saudável ao estímulo ao comércio local, aprendemos algumas coisas importantes neste período e que deveriam entrar de vez em nossa vida quando a pandemia acabar. Eles colaboram com nossa saúde física, mental e social.
- Manter uma alimentação saudável
Não é novidade para ninguém que a alimentação tem papel fundamental no fortalecimento do nosso corpo, afinal, é dos nutrientes que dependem nossas funções orgânicas, como a imunológica, sempre tão necessária.
- Atenção à saúde mental
Práticas de autoconhecimento ajudam muito. Há quem começou a meditar, outros intensificaram a ioga ou mindfulness, e mesmo o fato de estabelecer uma rotina têm um grande efeito para acalmar nossas mentes e nossos corações.
- Rotina de exercícios físicos
A atividade física regular é uma das melhoresformas de combater a obesidade, e acabou sendo incorporada por muitos durante o isolamento social, inclusive como uma
forma de ajudar a manter nossas mentes sadias.
- Organizar o tempo
Muita gente teve que se desdobrar para dar conta dos 3Hs: home office (ou trabalho remoto), housekeeping (cuidar das tarefas da casa) e homeschooling (ajudar os filhos a estudar em casa). Um aprendizado que deve ser levado para a vida.
- Apoiar o comércio local
Valorizar os negócios legais e da sua região fortalece a economia e melhora a vida de todos. Comprar comida no restaurante ou no mercado do bairro foi um hábito criado durante o isolamento e que ajudou muitos comércios a manterem-se em funcionamento.