Deimante Daugelaite é lituana, apaixonada por literatura, vegana, viajante e, nova articulista do Portal Afrodite. Formada em Fisioterapia pela Lithuanian University of Health Sciences e em Escrita Criativa pela University of Greenwich, escrever é uma paixão que mantém desde a época da escola. Aos 28 anos, já visitou 29 países. A jornada começou aos 11 anos, com passeios de carro em família pela Europa, e aos 17 virou um voo solo cheio de aventuras. Vegetariana desde 2011 e vegana desde o início de 2018, adora compartilhar as descobertas culinárias com amigos e familiares como forma de entregar sua visão de nutrição para o mundo. Ela já trabalhou como gerente de marketing e gerente assistente em um restaurante de Londres, jogou basquete durante oito anos e foi voluntária em diversas oportunidades, incluindo os jogos paralímpicos no Rio de Janeiro. Agora passa a compartilhar sua visão de mundo com nossas leitoras.
Confira as primeiras impressões de uma estrangeira ao chegar ao Rio Grande do Sul, um convite a voltar a valorizar coisas tão simples e que já são comuns aos nossos olhos:
Eu nasci em um pequeno país chamado Lituânia, onde tradições e paisagens são muito diferentes do Brasil. Por anos eu viajei pelos países da Europa e recentemente morei em Londres por quase 4 anos, a cidade que nunca para. Eu estava trabalhando de manhã a noite, sem nem ter tempo para pensar o que isso na verdade estava acrescentando na minha vida, até que um dia uma amiga muito próxima me convidou para passar uma temporada no sul do Brasil onde ela cresceu. Eu não sabia o que esperar, mas sabia que tinha que ir. Então eu passei quatro meses por aqui, e estes foram alguns dos tesouros que encontrei.
Dunas
Eu descobri as Dunas de Torres enquanto eu estava pedalando pela cidade, quando um amigo viu quão maravilhado estava o meu rosto ele disse “Ah é, nós também temos dunas” como se aquilo não fosse muito especial e sorriu. Não havia ninguém por perto, provavelmente por causa da quarentena global, mas eu não pude imaginar um lugar melhor para estar durante o isolamento social. Enquanto estava sentada no topo, de onde via as montanhas da serra, o oceano e as palmeiras todo o caos do mundo desapareceu.
Canyon Itaimbezinho
Quando se fala em Canyon minha mente rapidamente imagina um lugar extremamente turístico e lotado. Na Europa você não seria capaz de conhecer um lugar desses sem pagar um ingresso de valor exorbitante. Enquanto isso, aqui, a vista de cima do Canyon é aberta a todos e mesmo assim em um sábado não estava lotado. P.S a estrada para chegar ao Parque Nacional dos Aparados da Serra é uma aventura em si, mas vale a pena!
Praias
Quando se tem 7500km de litoral como o Brasil, é fácil não prestar tanta atenção. Eu tive sorte de chegar durante a temporada de verão e ver como as praias estavam animadas antes da quarentena, provar a famosa caipirinha acompanhada do milho verde com margarina. Então tudo mudou, a praia ficou vazia e eu senti que a praia toda pertencia a mim. Nós, pessoas do norte europeu, aproveitamos a praia com qualquer clima porque não temos o privilégio dos quase infinitos dias ensolarados como por aqui, então por muitos dias eu dividia os pôr de sois rosados com apenas alguns pescadores que estavam por perto. Eu simplesmente não me cansava daquela imensidão de natureza.
Botecos
Provavelmente esta é a última coisa que você espera que um estrangeiro repare no Brasil, mas para mim, os Botecos tem uma vibe autêntica. São como os Pubs na Inglaterra. Eu admiro a simplicidade das cadeiras de plástico, compartilhar a cerveja (coisa que até então, eu não vi em lugar algum) e aquele ruído das risadas que preenchem o ambiente. Dos famosos bares de Caxias do Sul aos simples botecos locais em Arroio do Sal, todos permanecerão em mim como uma memória vívida do sul do Brasil.
Churrascos
Eu sou vegana, mas até mesmo eu tenho que admitir que a tradição do churrasco é admirável. Para mim é claro, não é sobre a comida em si, o que me fascinou foi ver como famílias e amigos encontram tempo para estarem juntos todos domingos. Parece um ritual mágico, porque de onde venho, norte da Europa e também em Londres as pessoas se consideram muito ocupadas e não despendem deste tempo para estar entre seus familiares.
Naqueles domingos, entre goles de caipirinha, eu imaginava o que seria preciso para que em meu país nos uníssemos todas as semanas em família como os Brasileiros.
É difícil realmente aproveitar a natureza e as tradições de qualquer país em apenas duas semanas de férias, é completamente diferente quando você tem quatro meses para tanto. É quando a real beleza do local salta aos olhos.