Ao lado, Irmã Maria dos Santos Golçalves.
Acreditar na alteridade é o grande desafio pessoal e coletivo da pós-modernidade. Nesse sentido, creio que tenho sido privilegiada pela possibilidade de contato e convívio com pessoas que muitas vezes atravessaram o mar perseguindo o sonho de uma vida melhor. Como religiosa scalabriniana e, sobretudo, como ser humano, o encontro diário com pessoas de diferentes nacionalidades, etnias, culturas, religião, ciclos de vida, etc... foi um grande exercício de crescimento humano. E, talvez, a maior alegria que pude experimentar ao longo desse tempo foi de olhar ao meu redor e tomar consciência da disposição de tantas outras pessoas que ao longo do caminho de acolhida aos migrantes e refugiados na cidade compartilharam conosco da mesma vontade de estender a mão, de prestar apoio, dizer alguma palavra de encorajamento frente tantas dificuldades.
Aprendi que mais importante que saber falar o idioma do outro é saber compreender o que há de essencial na experiência humana. Aprendi que é preciso deixar de lado os medos que nos afastam e as diferenças que podem excluir. Aprendi que é preciso criar a coragem de olhar com bondade para as esperanças que esses “outros”, “migrantes”, “refugiados” cultivam no coração. Aprendi que independentemente do lugar onde nascemos, do idioma que falamos, das crenças que cultivamos, nossa vida está em curso, estamos de diferentes formas também de passagem por aqui e nada melhor do que usar bem esse tempo aprendendo com/como estrangeiros sobre quem somos e sobre como dar sentido ao tempo que nos couber.