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CACÁ WEBER
Cabelereira, visagista, empresária
ANTES DE FALAR sobre machismo, prefiro pensar em sociedade patriarcal. Na minha perspectiva, faz mais sentido eu compreender todas as partes dessa sociedade, o que gera o machismo, a contrarresposta feminista e todas as mazelas aí no meio.
Quando uma sociedade inteira é pautada na perspectiva masculina, livre em atuação e importância, é difícil explicar para um machista que a postura dele é errada e injusta ao ler o feminismo, plataforma de empatia e respeito. É como exigir de uma criança analfabeta que ela resuma Clarice Lispector.
Está em nosso inconsciente coletivo essa referência. A masculinidade tóxica agride a todos. Acredito numa única forma de cura para essa questão no mundo: a edução igualitária sobre gênero em todas as esferas, para que meu corpo deixe ser moeda de troca em algum momento, ou que valha apenas como carne de consumo sempre em desvalorização.
Um exercício simples que proponho aqui é o de que paremos de elogiar nossas meninas pela aparência e meninos pela força.
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MÁRCIA ROSA
Secretária Executiva
QUANDO PENSAMOS em machismo é importante, avaliar o ambiente onde estamos. Por exemplo, quando numa reunião de trabalho somos interrompidas por um colega homem, que não nos deixa terminar o raciocínio. Se estivermos só, o ideal é continuar falando para que ele se cale. Se há outra mulher no local, o ideal é que ela chame sua atenção.
No casamento ou convivência a dois, que a mulher encara como uma parceria na qual ambos têm deveres, se o homem quiser comandar, muitas vezes ela acaba subjugada e sofre com humilhações e até agressões físicas que, infelizmente, ainda hoje acontecem. Em uma relação normal, tanto o homem quanto a mulher cumprem suas obrigações com a casa e a família: se tiveram filhos, os dois cuidam e educam. Como é de consenso geral, dar o sustento não apenas financeiro, mas fazer o alimento e alimentar.
Muitos homens também, aos poucos, querem determinar o que a mulher deve e pode vestir, com quem sair ou quando sair... cuidado, esses são sinais de machismo e de propriedade. Quando isso acontece, é hora de repensar a relação.
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HANNA WITT
Engenheira e educadora
MAIS DO QUE uma forma de pensar, o machismo é uma forma de agir influenciada pela cultura de um povo. Machista é aquele que restringe, critica e castra a mulher em detrimento do homem. Essa forma de pensar e agir pode estar tanto na cabeça dos homens, quanto na cabeça das mulheres.
Sim, as mulheres – a vovozinha conservadora, a menina moderninha e até a mulher empoderada – também são machistas muitas vezes! Toda vez que se julga o comportamento, as atitudes e as escolhas de uma mulher com base no que ela “deveria fazer” ou em como ela “deveria agir”, estamos sendo machistas. O pensamento machista não enxerga a autonomia e o poder de decisão da mulher. Pelo contrário, ele a condiciona em uma posição que, de acordo com a cultura machista, é o lugar que ela deveria ocupar.
Saber lidar com o machismo é lidar com os seus próprios preconceitos, que envolvem também gênero, cor e classe social. É deixar de julgar, criticar e castrar, respeitando as escolhas de cada um e não designando um modelo de pensamento ao outro.
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