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Conflitos de gerações. Será? | Especial | Revista Afrodite

Conflitos de gerações. Será?

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O que a princípio pode ser visto e encarado como desafio para a gestão de pessoas nas empresas e dentro de casa, é, na verdade, uma oportunidade de crescimento mútuo ao assumirmos uma postura de aprendizado frente às características das diferentes gerações, sejam elas X, Y, Z...

Não há como pensar que pessoas que chegaram ao planeta em momentos diferentes terão uma visão idêntica do mundo, não é mesmo? Enquanto quem nasceu há mais de 50 anos provavelmente trabalhou em uma época em que o fax era a tecnologia de comunicação mais avançada, viajar era uma das únicas formas de conhecer outras culturas e um privilégio para poucos, quem está ingressando no mercado de trabalho não faz ideia de como é atuar sem ferramentas como celular e internet, e vive conectado, interagindo com diferentes modos de se viver a vida diante da tela do computador.

Então, por que esperar que não haja divergências no modo de agir e se relacionar em casa, nas famílias e nos ambientes de trabalho? Para a consultora em desenvolvimento humano Maria Zeli Stelmack Rodrigues, da e-saberes, o conflito de gerações não é algo que possa ser evitado nas relações humanas. “Conflito não significa guerra e, sim, diferentes formas, jeitos, de lidar com a realidade. Me parece que o enfrentamento do conflito de gerações se dá através de atitudes que possibilitem a convivência de forma colaborativa, inclusive no mundo organizacional”, analisa. 

A fórmula? Uma postura de aprendiz permanente. Ou seja, aceitar de quem chega o gosto pelo risco e pela inovação, e de quem já está aí há mais tempo, os valores diferentes, inclusive pela experiência do que já viveu, oportuniza aprender e ensinar sempre, independentemente da idade. “A famosa frase ‘No meu tempo...’ não deve ser repetida como mantra. Nosso tempo é o hoje e aqui estamos para contribuir na construção de uma sociedade que tem muito a fazer para os que ainda virão”, destaca a especialista.

NO MÍNIMO TRÊS GERAÇÕES NAS EMPRESAS

Maria Zeli conta que, atualmente, convivem nas organizações pelo menos três gerações. E pessoas que nasceram em épocas distintas tendem a responder de forma diferente a diversas abordagens de gestão e incentivos. Só conhecendo o perfil de cada uma e reconhecendo as características dessa diversidade é que se torna possível uma abordagem mais adequada para resultados mais efetivos, seja internamente, nas equipes, e também junto ao público final, para quem se vende produtos e serviços.

Embora haja variações nas datas propostas pelos muitos autores, pode- se considerar que os Baby Boomers são as pessoas hoje na faixa dos 56 aos 74 anos. É a geração do pós-guerra, que viveu a rebeldia do rock e a prosperidade econômica. A geração X, ou Coca-Cola, entre 40 e 55 anos atualmente, são menos rígidos, viveram a expansão tecnológica e crises econômicas, como a da década de 1980, fatos que influenciaram diretamente em suas formas de ver e agir no mundo.

Em seguida vem a geração Y ou Millennials, nascidos entre 1978 e 1995 (podendo se estender até 2000), entre 24 e 41 anos. Compreende quem está entrando no mercado de trabalho, vindos de um período econômico próspero. É a geração das inovações tecnológicas, do excesso de segurança e dos múltiplos estímulos, motivada por desafios e desejosa de ascensão rápida. Já os Z, que vem de “zapear” (ato de trocar de canal), nascidos a partir de 1996, hoje com menos de 23 anos, portanto, são a “geração controle remoto”. Dominando as tecnologias, valorizam o espaço virtual e são impacientes, com poucas habilidades interpessoais. Buscam no mercado de trabalho um mundo como o deles: conectado, aberto, veloz e global. Já se fala também na geração Alfa, filhos dos Millennials, nascidos a partir de 2010, a geração 100% digital, que vê e interage no mundo através das telas.

VANTAGENS DO TRABALHO CONJUNTO

Compartilhamento de conhecimento 
Os colegas sêniores têm maior probabilidade de estar desempenhando funções por muito tempo. Eles, provavelmente, têm um nível muito maior de conhecimento em relação à empresa, seus produtos e o contexto mais amplo.

Habilidades diferentes
Os colegas mais jovens, provavelmente, são muito mais fluentes no universo digital, enquanto os mais velhos podem ter habilidades melhores de se relacionar com os clientes, o que se ganha com experiência.

Maior inovação
Uma gama mais ampla de habilidades pode significar um pool de talentos maior quando se trata de lidar com problemas ou vender algo. Quando se combina experiência com novas habilidades, é possível criar ainda mais. 

Perspectivas diversas
Gerações diferentes têm perspectivas diferentes – o que pode ser realmente útil quando se trata de elaborar uma nova abordagem para enfrentar um desafio. E isso não significa apenas ter uma visão jovem, qualquer grupo pode ficar um pouco limitado em sua abordagem às vezes.

Maturidade emocional
Equilíbrio entre o controle e a impulsividade

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Nascidos entre 1996-2010

  • Chegam ao mercado de trabalho no período de crise
  • Geração móvel: gasta, economiza e está sempre conectado e se movimentando no mundo virtual 
  • Pode ser também que não queiram se sentir restritos a ficar em um mesmo emprego por um longo período
  • Estão fazendo algumas coisas novas, como por exemplo: pela primeira vez os jovens estão esperando ganhar menos do que aqueles que chegaram antes
  • Aceitam que precisam realizar um trabalho não remunerado para ganhar experiência. Nenhuma outra geração fez isso antes
  • Opina sobre tudo, vive na bolha de suas comunidades, ou seja, daqueles que pensam como eles. Ao mesmo tempo, são cidadãos do mundo, interagindo com pessoas em qualquer lugar do globo
  • Têm responsabilidade social e ambiental, são ansiosos, desconhecem hierarquia e não valorizam estabilidade

Nascidos entre 1978-1995

  • Individualistas, dinâmicos e gostam de desafios
  • Filhos da revolução tecnológica. Geração da internet    
  • Procuram emprego em níveis maiores e treinamento no cargo 
  • Mais flexíveis para horários e muito em função dos filhos. São workhoalics – trabalho em primeiro lugar
  • Propensos a mudar de emprego ao se sentirem frustrados e menos propensos à lealdade a uma empresa 
  • Valorizam avaliações baseadas em desempenho e precisam de feedbacks contínuos de todos a sua volta
  • Trabalho serve para satisfazer os desejos de consumo. Saída da empresa é vista como oportunidade
  • Reconhecimento no campo profissional é maior liberdade e autonomia
  • Menores níveis de satisfação em todas as dimensões: benefícios, remuneração ou em termos de ver seu desempenho refletido em seu salário
  • Laços fortes com suas comunidades, especialmente virtuais
  • São pragmáticos e irreverentes. No que diz respeito a mudanças, flexíveis e persistentes

Nascidos entre 1964-1979

  • Geração marcada pela Guerra Fria, Queda do Muro de Berlim e aparecimento da AIDS
  • Primeira geração a ter maior preparo acadêmico e experiência internacional
  • Buscam direitos individuais e produtos com qualidade
  • Insatisfeitos com seus papéis, tendem a querer mais tempo com a família
  • Significado do trabalho é “o que paga as contas”. Saída da empresa é vista como desconforto necessário e preferem a mínima intervenção em seu trabalho
  • Assumem liderança. 
  • Reconhecimento no trabalho é flexibilização de agenda
  • São independentes e autoconfiantes. Em geral, resistentes e cautelosos em relação a mudanças

Nascidos entre 1945-1963

  • Geração que viveu a explosão demográfica nopós- guerra
  • A televisão alterou profundamente o comportamento humano
  • Surgimento do feminismo e movimentos estudantis, hippie, em favor de negros e homossexuais 
  • Querem estabilidade e aposentadoria no emprego, por isso a maioria terá um único emprego na vida
  • São competitivos, trabalho é a razão de se viver. A saída da empresa é vista como um trauma e reconhecimento é ganhar bônus
  • São idealistas e ambiciosos, refratários a mudanças

Nascidos até 1945

  • Viveram grandes crises econômicas, como a de 1929, a Grande Depressão
  • Em geral, estão fora do mercado de trabalho
  • Rígidos pelas dificuldades que experimentaram, trabalho é sobrevivência
  • Respeitam profundamente regras, disciplina e hierarquia
  • Valores centrados na família tradicional, trabalho e pátria
  • Estabilidade e lealdade são suas características no mundo corporativo

Por Vivian Kratz, jornalista e psicóloga