Chegamos à nossa primeira década com muito a comemorar.Tudo bem, não será com o grande evento programado, mas nem por isso será menos especial. Para eternizar essa data tão marcante e significativa, convidamos algumas das inúmeras mulheres que já fazem parte da nossa história para criarem a sua “arte” inspiradas pela Afrodite. O resultado, que emociona, você confere a seguir.

Inspiração para transformar o mundo

As revistas femininas tiveram papel importante na minha formação, especialmente na adolescência. Naqueles tempos pré-Internet, comprar nas bancas, quando possível, ou pegar emprestada a pilha inteira de revistas antigas na casa de uma amiga era um hábito (e uma delícia) para mim. Eu não descartava nada, ávida por informações, com as quais ia construindo a emancipação possível. Mesmo em um tempo em que os padrões de beleza e as normas de conduta sexistas vinham tanto pelas revistas, posso afirmar que ofereciam um universo estimulante, em um mundo ainda mais repleto de tabus.

Revistas contribuíram também com a profissão que escolheria depois, o Jornalismo. Com uma linguagem leve e ao mesmo tempo tão comprometida com a estética, as revistas são o refinamento da forma de comunicar – e costumam dar um show de criatividade a cada edição, estimulando os jogos de linguagem e as brincadeiras gráficas que também carregam mensagens.

Colega de profissão (e amiga de vida!) da Simoni Schiavo, acompanhei o surgimento da Afrodite e confesso que, desde o início, me surpreendi com a qualidade da publicação, cujas produções de Moda, só para se ter um exemplo, estão à altura do que temos de melhor nas revistas do gênero pelo país.
 
Ao longo desses anos, pude compartilhar com as leitoras da Afrodite, na seção Cenários, algumas das viagens mais marcantes que fiz pelo Brasil, incluindo a visita ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro, que poucos meses depois teve grande parte do acervo destruído por um incêndio. A tragédia destacou o que já se supunha: poucos prestigiaram o que se tinha ali. 

Lembro desse episódio para fazer um chamado: precisamos nos conhecer, urgentemente, como indivíduos e como sociedade. Saber mais sobre as pessoas, ocupar culturalmente as cidades, participar de fato das decisões políticas e não apenas do espetáculo de marketing dos meses que antecedem as eleições. Descobrir as maravilhas naturais e culturais desse nosso potente território é, se não o antídoto, parte da fórmula de que tanto necessitamos para reerguer a Nação sob princípios humanitários e democráticos, valores estes que as melhores revistas ajudam a difundir. 

Com um trabalho jornalístico de alto nível, e que coloca em evidência os talentos regionais, hoje a Afrodite me mantém conectada ao antigo prazer de ler uma revista. Sua brilhante trajetória e capacidade de mudanças frente aos imensos desafios do mercado da Comunicação são, para mim, a mais bela inspiração a respeito da força e da criatividade da mulher brasileira!  

Alessandra Rech
Jornalista, escritoria e professora