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Miseri Coloni dá Voz ao Silêncio | Revista Afrodite

Miseri Coloni dá Voz ao Silêncio

Fotos Cassiane Boff

Quais foram os silêncios impostos e suas consequências para a nossa cultura e história? 
Com mais de 40 anos de presença nos palcos, o grupo Miseri Coloni estreia o novo espetáculo “Miseri Coloni dá Voz ao Silêncio”,  no dia 11 de outubro, às 20h, no UCS Teatro, com entrada franca. Os ingressos podem ser acessados AQUI.

A 11ª peça traz um marco histórico, os 150 anos da imigração italiana, que vai acontecer em 2025. Dentre os silêncios impostos neste período, a peça lembra os 100 anos do surgimento de Nanetto Pipetta no jornal "Staffetta Riograndense”, e a representatividade deste personagem para o fundamento da literatura do Talian. O público do espetáculo vai receber uma edição reeditada do jornal de 23 de janeiro de 1924, no qual consta o primeiro texto Vita e Storia de Nanetto Pipetta com a inclusão dos fatos históricos e das canções apresentadas na peça. O projeto tem financiamento do ProCultura da SEDAC – Secretaria de Estado da Cultura - RS, com verba conquistada via Edital nº 16/2021 a Arte do Espetáculo, do FAC – Fundo de Apoio à Cultura.

O TEXTO

O dramaturgo Jorge Rein escreveu o texto da obra, focada no contexto dos anos 1920 e 1930, onde ocorreram as comemorações do Cinquentenário da Imigração Italiana, em meio a situações de conflitos e disputas políticas entre Ximangos e Maragatos no Rio Grande do Sul e a chegada ao poder do fascismo na Itália tendo o desfecho com a Segunda Guerra Mundial. E dentro disso os imigrantes italianos fazendo sua história, com marcas importantes que permanecem vivas até hoje. 

O diretor do espetáculo, Fábio Cuelli, explica que a montagem teatral reúne relatos pessoais dos integrantes do Miseri Coloni e a partir deles foi reconstruído  fatos históricos, como a partida da Itália rumo ao Brasil, a construção de uma nova vida e os atritos políticos nacionais e internacionais que afetaram os imigrantes italianos e seus descendentes em solo gaúcho durante os últimos quase 150 anos.

A dramaturgia cênica parte da memória pessoal de cada integrante e sua relação com os acontecimentos abordados no texto. Tais memórias compartilhadas trouxeram novas perspectivas para o que parecia perpetuar a cicatriz do sofrimento, trazendo à tona uma atitude de resistência contra os retrocessos políticos e sociais. Um fruto importante dessa resistência é o Talian, que na última década tornou-se uma língua reconhecida pelo IPHAN como referência cultural brasileira. 

O ELENCO

O espetáculo movimenta mais de 40 profissionais entre atores, atrizes, técnicos e prestadores de serviços. Além de atores e atrizes integrantes do Miseri em outros espetáculos, como Marco Antônio e Nádia de Carli, esta montagem conta com novos integrantes atores, atrizes, cantores e cantoras. 

A peça utiliza-se da poética do teatro documentário, com depoimentos reais, faz o uso de máscaras, sombras, canto, dança e projeção de vídeos e fotos, captados e editados por André Costantin e Daniel Herrera, que aprofundam o diálogo cênico entre a imagem projetada e o texto. O desenho de luz de Luiz Acosta concretiza a atmosfera sensorial de cada cena. Os figurinos de Magali Quadros possuem uma precisão histórica, realista e torna possível a experiência de transitar pelo tempo. 

A direção musical é realizada por Cibele Tedesco, dedicada em pesquisar as trilhas e fontes originais das composições, também conduz as vozes e sons de todo o espetáculo, com a excelência de alguém que possui a sensibilidade e a experiência artística necessárias para interromper o silêncio do qual nos referimos no título. 

A equipe conta com João Tonus em sua imensa dedicação à memória e pesquisa sobre a imigração italiana, que fundamenta e torna viável colocarmos não uma nova verdade sobre a história, mas um questionamento digno para projetarmos o futuro. Cleri Pelizza está como produtora e atriz, força motriz de todas as atividades da Associação Cultural Miseri Coloni.

 Associação Cultural Miseri Coloni

 Desde a sua origem na década de 80, tem o objetivo de salvaguardar e valorizar a cultura dos imigrantes italianos, principalmente no seu aspecto dialetal, o talian. Para tanto, se vale do teatro, do canto e de promoções culturais variadas, sempre buscando resgatar de forma autêntica as tradições dos imigrantes. Com este propósito, participa, com outras entidades, de movimentos e ações em prol do talian: é co-fundadora da Associazione Culturale Internazionale SORAIMAR, sediada na Itália, e integra o Ponto de Cultura Casa das Etnias, em Caxias do Sul, RS.

A sede do Miseri Coloni, abriga inúmeras atividades, servindo de local para ensaios, encontros, oficinas, integração e intercâmbio com outros artistas. É também ali que o grupo guarda sua história através de objetos, figurinos e todo tipo de material referente aos seus espetáculos e à cultura do imigrante italiano.

Fonte Margô Segat