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Galópolis tem museu a céu aberto | Revista Afrodite

Galópolis tem museu a céu aberto

Projeto pioneiro no Rio Grande do Sul, recentemente foi inaugurado o Museu de Território: O Caminho da História, um complexo em Galópolis que objetiva valorizar e preservar o patrimônio cultural, uma das últimas curadorias da museóloga Tânia Tonet (in memorian ). Com base na trajetória e no legado do italiano Hércules Galló, pioneiro da indústria têxtil na Serra Gaúcha, o roteiro tem 15 pontos de visitação demarcados com totens explicativos. Além de preservar um sítio histórico de grande relevância para a história econômica e sociocultural da região, o museu também quer preservar o ambiente, a fauna e a flora, que fazem parte da cultura local.

A intenção da museóloga Tânia Tonet ao conceber o projeto foi trazer uma forma diferente e envolvente de transmitir esse resgate histórico, onde o foco não são objetos históricos e sim o território em si e toda a sua riqueza cultural. O conceito de museu de território, ainda pouco explorado na museologia no Brasil, tem como essência musealizar o território e territorializar o museu. A proposta é adepta à Nova Museologia que, diferentemente do conceito tradicional centrado num edifício, nas coleções e num público-alvo, amplia seu olhar para todo o patrimônio material e imaterial regional, passível de preservação e, acima de tudo, propõe um diálogo com a comunidade em que está inserido, numa lógica de inclusão e partilha. 

Galópolis constitui-se num cenário autêntico, um caso raro de uma comunidade inteira passível de preservação. Além disso, possui características curiosas, como o fato da implantação de um núcleo nitidamente urbano em um ambiente rural. Isto se deve ao processo de industrialização iniciado em 1894, quando jovens tecelões vindos da Itália fundaram o primeiro lanifício, nos moldes de uma cooperativa, após perceberem que a área não era propícia para a agricultura e que os dois rios do lugar possibilitariam a movimentação de máquinas e a geração de energia elétrica, além dos serviços de lavagem e tinturaria.

Em 1903, Hércules Galló juntou-se ao grupo de empreendedores, assumindo o comando do lanifício e liderando ações que garantiriam à vila um significativo progresso, cujo ícone é a construção de uma vila operária, com casas, construídas lado a lado, que eram alugadas por valores simbólicos, garantindo a manutenção e atração de mão-de obra. A partir daí e, mesmo após a morte de Galló, a vida da comunidade gravitou em torno do Lanifício.

O museu constitui-se de marcos de testemunhos arquitetônicos e da paisagem natural, de modo a percorrer o processo histórico vivido pela comunidade de Galópolis.Os locais elencados são capazes de contextualizar a história da vila, em seus aspectos econômico, social, político e cultural.

Os 15 pontos de patrimônio cultural do Museu de Território: O Caminho da História

Casas do Instituto Hercules Galló

Igreja Nossa Senhora do Rosário de Pompéia

Cascata Véu de Noiva

Vila Operária

Escola Ismael Chaves Barcelos

Prédio do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem

Lanifício Cootegal

Círculo Operário

Cinema

Praça Duque de Caxias

Casa Straghioto

Árvore das Garças

Arroio Pinhal

Armazém Basso

Prédio Cooperativa de Consumo