A qualidade, tão cantada na década de 90, quando a prática requeria o controle do produto por meio inspeções ao final da linha de montagem, voltou a estar no foco das empresas preocupadas com a competitividade do mercado. O assunto foi tema da palestra do gerente da Qualidade da AGCO América do Sul, Ronaldo Neves Rodrigo, durante a reunião-almoço deste segunda-feira (17), naCâmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC). O evento integra a programação do23º Seminário Dia da Qualidade Caxias, que tem como tema “Qualidade competitiva”. De acordo com o executivo, as empresas realmente preocupadas com a qualidade devem perguntar para o cliente o que ele quer, devem traduzir a voz do mercado para retroalimentar o negócio, devem levar a qualidade para dentro do sistema produtivo já a partir do processo de compras.
Transformada, a qualidade incorporou novos desafios. É preciso trabalhá-la de forma a perseguir o zero defeito, ou seja, fazer certo na primeira vez. Há inclusive um indicador, chamado, Right First Time (RFT), que monitora a qualidade, segurança e eficácia dos produtos fabricados, e que está nas estratégias da AGCO para que estes requisitos estejam assegurados. Além disso, a empresa, que tem seis plantas no interior do Rio Grande do Sul, usa metodologias para a solução de problemas que envolvem principalmente o chão de fábrica.
“Quem faz a qualidade não é o supervisor ou o gerente da Qualidade, mas as pessoas que estão executando o trabalho”, afirmou Rodrigo. Foco em desenvolvimento de itens, cadeia de fornecimento de alto desempenho, proteção ao negócio, qualidade cada vez mais como premissa para nomeação de fornecedores e desempenho do fornecedor monitorado de forma mais ampla são medidas adotadas pela companhia que possui 11 unidades na América do Sul (Brasil e Argentina) e mais de quatro mil funcionários.
Rodrigo entende que as empresas que trabalham processos, que entregam um produto ou serviço de melhor qualidade têm um diferencial competitivo muito mais aflorado em momentos de crise como o que vive o Brasil atualmente. A forma como a empresa reage aos problemas também conta, afirmou.
“Problemas de qualidade sempre vão existir, então, em momentos de crise como esse, eu reforço que a gente tem que pensar nos processos da qualidade desde o início, da fábrica à cadeia de fornecedores, e também na velocidade de reação. O cliente percebe muito isso nos momentos de crise como a que estamos vivendo”, acrescentou o gerente da AGCO.
O palestrante ainda comentou que as empresas pecam em resolver os problemas de qualidade criando mais processos, em vez de atacar a sua causa. Com isso, a empresa onera os seus custos, porque cria desperdício ao ter de ‘rechecar’ a qualidade.
“Ela vai ser mais competitiva se atacar a raiz do problema, sem necessidade de investir mais no controle da qualidade”, argumentou.
Foram homenageadas as empresas Gomasul Borrachas e Hotel Pousada Casa Tasca, de Bento Gonçalves, Rede Caminho do Saber, de Caxias do Sul, e Senai Mecatrônica e Senai Automotivo, também de Caxias do Sul. Os diplomas foram entregues pelo presidente da CIC, Nelson Sbabo, pelo presidente do Conselho Diretor do PGQP, Daniel Randon, e pelo presidente do Comitê Regional Serra Gaúcha do PGQP e diretor da CIC, Gilnei Lafuente.