Apesar do atraso causado pelo mau tempo, que fechou o Aeroporto Regional Hugo Cantergiani, o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Pereira, conseguiu palestrar na reunião-almoço que a Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) realizou excepcionalmente nesta sexta-feira (2). Pereira falou sobre o Brasil de hoje e perspectivas para o futuro na visão do MDIC, com destaque para o cenário e políticas de comércio exterior e a reinserção internacional do Brasil.
Em relação ao comércio exterior, Pereira lembrou que em 2016 a balança comercial registrou resultado recorde, com superávit de US$ 47,7 bilhões, e que até o primeiro quadrimestre deste ano já se contabiliza saldo positivo de US$ 21,4 bilhões, valor 61% superior ao aferido no mesmo período do ano passado. O resultado levou o MDIC a rever a projeção de superávit para o ano de US$ 50 bilhões para US$ 55 bilhões.
Sobre as ações para a indústria, Marcos Pereira afirmou que o MDIC está reformulando e expandindo programas de fomento ao desenvolvimento industrial, priorizando medidas de ganhos de eficiência, competitividade e produtividade, como é o caso do Brasil Mais Produtivo e da elaboração da Rota 2030 da indústria automotiva.
A respeito do reposicionamento no cenário internacional, o ministro salientou que o Brasil abriu o diálogo com diversos países, com foco na conclusão de acordos comerciais. Em um ano, houve visita a 10 países, incluindo duas vezes a China e três vezes a Argentina, dois dos três maiores parceiros comerciais do Brasil. Comentou ainda que foi estabelecido um diálogo permanente entre ministros de Comércio do Mercosul, algo que não ocorria nos últimos 20 anos. A primeira reunião aconteceu em Buenos Aires, em março, e foi um marco na história do bloco, segundo Marcos Pereira.
O ministro ainda falou sobre o novo processo de exportações do Portal Único do Comércio Exterior, lançado em março, que simplifica os trâmites para as vendas externas dos produtos brasileiros. A facilitação alcançará cerca de cinco milhões de operações anuais de exportação, envolvendo mais de 25.500 empresas.
De acordo com Pereira, O Portal Único vai reduzir a burocracia, encurtando os prazos médios das operações em cerca de 40%. A meta é reduzir o tempo de exportação de 13 para 8 dias e de importação de 17 para 10 dias, com consequente queda dos custos do setor privado. A meta, acrescentou, é eliminar em 100% o uso do papel.
Por fim, o ministro afirmou que a política industrial e de comércio exterior também passam pelas grandes reformas estruturais, como a trabalhista, tributária e da Previdência. Na visão de Marcos Pereira, as reformas serão capazes de gerar um ambiente de negócios novo, propício ao investimento.PANORAMA ECONÔMICO Enquanto o público presente na reunião-almoço aguardava a chegada do ministro Marcos Pereira, o diretor Superintendente de Serviços Financeiros do Banco Randon e diretor de Economia, Finanças e Estatística da CIC Joarez José Piccinini falou sobre o panorama econômico brasileiro, analisando alguns indicadores e as causas dos principais problemas enfrentados pela economia do País.SUGESTÕES DA CIC Ao final do evento, o presidente da CIC, Nelson Sbabo, entregou ao ministro Marcos Pereira cópia dos documentos entregues, em 24 de agosto de 2016 e em 24 de março de 2017, ao presidente Michel Temer durante audiências em Brasília. Tratam-se de sugestões de medidas conjunturais e estruturantes que vão desde a continuidade na redução da taxa de juros; atenção ao câmbio para assegurar a competitividade das exportações brasileiras; acesso ao crédito e maior celeridade na aprovação dos financiamentos; agilidade nas PPPs para modernizar a infraestrutura do País; redução dos gargalos na infraestrutura e ganho de eficiência nos serviços; acesso a mercados e desenvolvimento de acordos de comércio que fomentem as exportações; programas de incentivo à expansão da indústria existente e atrações de novos projetos em nível federal, reduzindo a guerra fiscal entre os estados.
“Estas medidas têm o objetivo de melhorar a competitividade do Brasil, que está praticamente na lanterna da competitividade global. O ranking divulgado ontem mostra que apenas Venezuela e Mongólia estão em situação pior do que o Brasil. Precisamos urgentemente melhorar os nossos indicadores políticos e econômicos, sob pena de perdermos por completo a confiança internacional. O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços tem papel fundamental neste trabalho. Todas as condições para que se estabeleça no País um ambiente amigável aos negócios, ao desenvolvimento, ao crescimento econômico dizem respeito ao MDIC”, afirmou Sbabo.