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Andreia Fontana: No desafio da integração | Revista Afrodite

No desafio da integração

Foto Fabio Grison
Foto Fabio Grison

Ela chegou a um dos mais altos postos de uma redação de jornal aos 25 anos. Conciliou casamento e o nascimento da filha com a chance de mostrar trabalho longe da cidade onde cresceu. Após três anos como editora-chefe do Pioneiro, Andreia Fontana encara uma nova fase: gerenciar o jornalismo da RBS Caxias no processo de integração dos veículos.

Ela conta ser um dos raros casos que começou no jornalismo por gostar de matemática. Filha de uma professora e de um metalúrgico, fazia magistério quando foi convidada para ser diagramadora no jornal Pioneiro, em 1994. “Na época, diagramação era basicamente cálculo, fazíamos uns 50 cálculos por página, era tudo no papel”, relembra. Foi a chance que precisava para se apaixonar pelo clima repleto de informação e cultura de uma redação e, de forma bem prática, algo que a caracteriza, mudar o plano de cursar Psicologia ou Direito. Surgia aí a jornalista que faria história como a primeira editora-chefe em 70 anos do principal jornal da Serra Gaúcha, o Pioneiro.

Andreia Fontana, nome profissional – na vida civil, Andreia Fontana Buzatti – é natural de Veranópolis, mas caxiense de criação e coração, pois quando tinha 40 dias de vida a família retornou para a cidade de origem após um período de trabalho do pai no município do Vale do Rio das Antas. Tem uma irmã mais velha, engenheira, e outra mais nova, arquiteta. Formou-se na turma de 2000 do curso de Jornalismo da UCS, ganhando prêmio na faculdade por um telejornal vanguardista para a época voltado ao público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais).

De diagramadora foi para a função de secretária gráfica e depois editora de arte, sempre se voluntariando para fazer plantões e substituir colunistas, a fim de se aproximar da notícia e do texto jornalístico. Fã de tecnologia, passou a aprender sobre os novos softwares usados pelo jornal e, consequentemente, a ser convidada para dar treinamentos em outras unidades do grupo. “Numa dessas ocasiões fui fazer a implantação do Diário de Santa Maria. Era para ficar um mês, fiquei três. Era para ficar três meses e fiquei 13 anos.”

Em Santa Maria foi convidada para atuar como editora-executiva do jornal, como braço direito do editor-chefe, na época Nilson Vargas, atual gerente de jornalismo dos jornais da RBS. “Eu não tinha uma experiência larga em jornalismo político, econômico... tinha 25 anos quando virei subeditora-chefe de um jornal em uma cidade que não conhecia. E o Nilson me disse algo que achei bonito: que acreditava nas decisões que eu tomaria porque sempre coloquei o leitor em primeiro lugar, e ele acreditava no meu coração.”

Andreia com o marido, Carlos Buzatti, e a filha, Helena / acervo pessoal

Foi no coração do estado que Andreia conheceu o marido, o advogado Carlos Buzatti, gestou Helena, de cinco anos e meio, e virou professora universitária. “Santa Maria me deu muito, é uma cidade hospitaleira e cosmopolita, sou muito grata especialmente pelo time que formamos lá.” Sobre o baixo número de mulheres em cargos de gestão, a jornalista entende que ainda somos muito questionadas, precisando provar que podemos ocupar determinadas posições. “Quando virei editora-executiva do Diário de Santa Maria tive uma oportunidade antes de estar pronta para o cargo. Isso é muito difícil de acontecer com as mulheres. Elas têm que estar muito prontas para poder conquistar o lugar.”

Entre os maiores desafios do período foi estar longe da mais importante cobertura que poderia ter vivido na cidade que a acolheu, o incêndio na boate Kiss. “Sempre quis ser mãe, mas a gente vai adiando. Planejei ganhar a Helena num momento sem eleições e ela veio 11 dias depois do incêndio na Kiss. Então, quando ganhei minha filha, 242 pais perderam seus filhos. Tive que trabalhar bastante essa questão psicológica de não poder participar de perto de uma cobertura tão marcante, em que eu achava que poderia ajudar mais as pessoas.” Ela acredita que não há mulher que volte pior para o trabalho depois de ser mãe, pois a maternidade ensina sobre paciência, aceitação e limites.

A volta para Caxias se deu no final de 2015, quando assumiu a redação do jornal Pioneiro. “Tinha esse sonho de fazer o jornalismo que eu acredito na minha terra.” Como uma jornalista que gosta de gestão e que se preocupa com os indicadores do negócio, desde junho encara o desafio de gerenciar o jornalismo da RBS Caxias no processo de integração das redações de rádio, TV e jornal impresso. “O objetivo não é reduzir pessoas e sim qualificar o que entregamos ao consumidor.” Com um Master em Gestão de Empresas de Comunicação pela Universidade de Navarra/CEU, e cursando pós em Gestão e Empreendedorismo pela ESPM, Andreia é também a atual presidente da Associação Riograndense de Imprensa – Seccional Serra Gaúcha (ARI Serra Gaúcha).

Realizada por onde já conseguiu chegar, quer seguir contribuindo com seu trabalho, valoriza estar sempre aprendendo e deseja viver cada vez mais com equilíbrio. Nessa busca, tem saído ao menos uma vez por semana para andar de bicicleta em família, para curtirem a companhia um do outro com liberdade e ainda se exercitar. Profissionalmente, quer se manter apaixonada pelo que faz. “Nosso desafio é fazer a sociedade e os anunciantes entenderem nosso valor, enxergarem a diferença de uma informação bem apurada, e melhorarmos cada vez mais, elevando essa régua de qualidade percebida em cada coluna e conteúdo publicado.” 


Por Vivian Kratz. Fonte Afrodite