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Com sabor de desafios

 

Fotos Fabio GrisonCom formação em Comunicação Social, Jaqueline Zattera, 59 anos, buscou a inspiração na família para se tornar uma empreendedora e, mesmo sem saber cozinhar, iniciou no ramo da gastronomia. O processo de aprendizagem foi de muita dedicação e estudos, e tão bem sucedido que há mais de 26 anos ela segue oferecendo pratos congelados com sabor e qualidade. 

História

Natural de Caxias do Sul, Jaqueline sempre morou no bairro Rio Branco e estudou em colégios nas proximidades. Mais nova entre três irmãos, teve uma infância com certa dificuldade financeira, mas nunca deixou de ter conforto. Os pais sempre inventavam trabalhos extras para complementar a renda familiar, ensinamento que transmitiram aos filhos. O pai, Sabino Zattera, trabalhava na indústria de molduras do bairro, quando a empresa fechou, passou a atuar em casa, fazendo serviços de emolduração. A mãe, Irene Feltes Zattera, era dona de casa.

Ao escolher a profissão, Jaque gostaria de ter cursado Jornalismo, que ainda não era oferecido na cidade na época. Então, optou por Relações Públicas (RP). Neste período, trabalhou como secretária em várias empresas e, mais tarde, como RP em locais como Agrale, Enxuta, Bela Vista Parque Hotel e Ponto Propaganda.

Em 1995, decidiu deixar o emprego para se dedicar aos cuidados com a mãe, que adoeceu, um período que durou cerca de um ano. Quando tentou retornar ao mercado de trabalho, não conseguiu uma colocação na área da comunicação. Foi quando percebeu que havia chegado o momento de empreender. 

O empreender

Numa pesquisa de mercado, Jaqueline percebeu que as empresas que se mantinham por mais tempo ativas eram as do ramo de alimentação. Abriu a primeira empresa em sociedade com a irmã, Mirka. A mãe não acreditava que o negócio daria certo, já que nenhuma das filhas sabia cozinhar. 

A então Oficina do Sabor inicialmente tinha a proposta de fornecer comida para dietas de emagrecimento, o que não se manteve “porque as pessoas não dão continuidade”, observa Jaque. Então a decisão foi partir para os congelados. Como Caxias já tinha muitas empresas boas de massas congeladas, optaram por manter uma linha de carnes para ter um diferencial. 

Em 2005 a sociedade chegou ao fim e a empresa passou a se chamar Jaque Zattera Gastronomia, com a chegada de um novo sócio. Para dar continuidade ao trabalho, ela precisou aprender a cozinhar. Sua primeira mestre foi a nutricionista que contrataram para fazer o cardápio. “Depois disso, estudei muito. Aprendi as principais técnicas e segredos da cozinha nos livros. Aprendizado complementado pelos cursos que fiz voltados, principalmente, para os produtos de eventos. Fiz cursos com chefs franceses, italianos e brasileiros”, conta Jaque. 

Uma das pioneiras na cidade a vender sopas congeladas, precisou fazer muitas degustações em mercados e outros pontos comerciais para divulgar o produto. As pessoas não entendiam como preparar, a referência que tinham era das sopas de pacotinho. Mesmo com clientes fiéis e a longa caminhada no ramo da alimentação, ainda hoje um dos maiores desafios de Jaque é enfrentar o preconceito, já que as pessoas confundem a comida congelada com a industrializada. Além do preparo e da venda, é um trabalho de orientar e educar as pessoas de que o congelado é nutritivo e saboroso, mas que precisa da participação do cliente: é necessário descongelar e aquecer corretamente. 

Jaque hoje tem duas funcionárias, uma auxiliar de cozinha e  outra de limpeza. Optou por manter a empresa pequena para ter disponibilidade para cuidar dos pais. Para ela, a família vem em primeiro lugar. Essa decisão foi fundamental também para que conseguisse garantir a qualidade dos produtos. “Trabalhamos com um nível de qualidade que só se consegue manter por ser uma empresa pequena. Primeiro porque a comida é mais caseira e também por ser um preparo extremamente higiênico”, destaca, afirmando que só cozinha o que ela mesma comeria.  


Descanso

Com a rotina agitada dividida entre a empresa, os cuidados com o pai e as aulas de pilates, das quais não abre mão, um dos maiores prazeres de Jaque é reservar um tempo nos finais de semana para fazer caminhadas em meio à natureza. Para ela, conhecer novos lugares é sempre motivo de alegria e reconexão cosigo mesma. Além disso, a paixão pela fotografia a acompanha desde cedo. Quando tinha cerca de 12 anos, os pais compraram a primeira máquina fotográfica da família. “Em uma época em que era preciso revelar as fotografias e o custo era alto, meus pais achavam que desperdiçava dinheiro fotografando paisagens ao invés de pessoas”, diverte-se. 

Hoje, Jaque utiliza a fotografia como ferramenta para o relaxamento, mantendo o foco em algo diferente do dia a dia da cozinha e da administração da empresa, e também para meditar. Com a mente em dia, segue trabalhando com afinco. “Não tem problema que me derrube, tudo serve como um incentivo de melhoria”, finaliza.