Foto Fabio Grison
Como uma boa virginiana, o planejamento de 2020 estava pronto. Seria mais um ano intenso e cheio de novas descobertas para a turismóloga Janaina Patta Santolin, 42 anos, diretora e proprietária da Be Happy Travel. Em março embarcaria para o México, onde receberia uma premiação da agência. Em junho seria a vez da viagem ao Peru, quando visitaria Machu Picchu com um grupo de clientes. Em setembro, iria celebrar as bodas pelos 15 anos de casada. Só faltavam as férias de final de ano, que também já contava com diversos planos para colocar em ação. Mas, ao contrário do que se imaginava, 2020 não poderia ser planejado, e todos os sonhos e projetos foram adiados.
Infância e família
Natural de Porto Alegre, Janaina é a filha do meio de Eberson e Iara. Durante a adolescência, foi levantadora do time de vôlei do colégio Rosário, onde estudou durante toda a vida escolar. Tem uma paixão pela escola e pelas amizades que ali iniciaram e que duram até hoje. Perfeccionista, dinâmica e criativa, foi uma boa aluna, “na média, eu diria” (risos). O dinamismo e espírito empreendedor sempre estiveram presentes: na infância, adorava fazer bijus, sabonetes e caixinhas artesanais para vender para as amigas e familiares. “O espírito de vendas sempre me motivou. Na véspera do Natal, agitava a casa com o meu minicomércio”, diverte-se.
Janaina aterrissou em Caxias do Sul em 2005, logo após seu casamento com o engenheiro mecatrônico Cristian Santolin, natural de Erechim. Se conheceram na época da faculdade e, em 2002, ele veio morar em Caxias, onde iniciou sua carreira profissional na Serra gaúcha – atualmente, dirige uma empresa em Bento Gonçalves.
O turismo
Formada em Turismo pela PUC, em Porto Alegre, prestou o primeiro vestibular para Jornalismo. Não aprovou e os planos mudaram. Durante o curso pré-vestibular, ainda avaliando que área seguiria, conheceu uma turismóloga que morava em Los Angeles e atuava no setor da aviação. Depois de algumas conversas sobre as infinitas possibilidades que o turismo poderia proporcionar, ela estava decidida: “Turismo, lá vou eu!”
Em 1996 aprovou no vestibular da PUC-RS. Ainda durante a faculdade começou sua trajetória profissional, quando estagiou em empresas importantes do setor como Varig e Unesul Turismo, agenciando grupos de adolescentes para viagens à Disney. No término do estágio, foi contemplada pela empresa com uma viagem a convite da própria Disney para participar de uma imersão no complexo. Foi amor à primeira vista. Na sua primeira viagem profissional, teve a confirmação do caminho que gostaria de seguir dentro das diversas possibilidades que o turismo pode oferecer. “Agente de viagens, agente de sonhos... esse é o meu caminho!” Logo depois foi contratada pela empresa, levou inúmeras pessoas à Disney, realizou muitos sonhos e permaneceu na Unesul até 2005, quando casou e mudou para Caxias do Sul.
Na cidade, Janaina teve uma rápida passagem pela supervisão da Milletour Viagens e Turismo e logo após ajudou a empresa porto alegrense de viagens e intercâmbios, STB Trip & Travel, a consolidar a filial aqui e supervisionou a agência por seis anos. Em 2010 fez uma pausa na carreira para sua “maior viagem”, como descreve a maternidade. Nascia sua filha única, Victoria, hoje com 10 anos, a “joia da coroa”.
O desejo de empreender
Com a maternidade veio um sentimento de amadurecimento e um grande desejo de empreender e ter um negócio que realmente tivesse a “sua cara”. Em 2013 se desligou da agência de intercâmbios e nascia a “2ª filha, a Be Happy Travel, uma agência de viagens boutique, com atendimento “superpersonalizado”, como define. Sócia de Silvia Bigarella Franzoi, Janaina confessa que foi seu segundo casamento que deu certo. Parceiras de sonhos e muitos projetos, elas contam com duas “travel designers viajadas e competentes”: Marlene Campagnolo e Fatima Ceccon.
“Nossa equipe se completa, normalmente alguma de nós conhece o destino e está preparada para fornecer as melhores informações e dicas”, afirma ao garantir que a comodidade de uma agência não custa mais caro. “Muitas vezes as pessoas têm uma falsa ideia de que organizar uma viagem através de agência custa mais. Exceto nas passagens aéreas, sobre as quais, em geral, se aplica uma taxa para emissão, nos demais serviços os valores são os mesmos e, muitas vezes, até melhores do que fazendo a reserva direto. São muitos os benefícios de organizar o seu grande sonho através de uma agência. Viagem é projeto de vida, é realização, é compromisso inadiável.”
A rotina
Com uma vida agitada, ela divide a rotina entre a agência, o lar e os cuidados com a filha. Vic faz aulas de canto, dança e atuação. É uma miniartista e já sabe desde cedo que não existe sucesso sem esforço. Apesar de toda a correria, a empresária encontra tempo para praticar pilates funcional e faz aulas de dança. “Tenho duas terapias: a dança e o vinho tinto. Quando casei não bebia, mas com o passar dos anos, o frio da Serra e as viagens, virei uma wine lover.”
O que mais ama fazer, sem dúvida é viajar, e os planos pessoais e profissionais normalmente estão vinculados a essa paixão. Janaina já teve oportunidade de visitar quatro continentes e um dos projetos pessoais é ter uma vivência internacional em família. “Sonhamos com um período sabático, nós três, ficarmos uns três meses fora do Brasil, estudando e aproveitando essa experiência juntos. Com a pandemia do novo coronavírus, aprendemos que grande parte das atividades não necessita ser presencial, podemos estar do outro lado do mundo e conectados com as nossas empresas. Quem sabe agora nos encorajamos e seguimos nosso desejo.”
O desafio do turismo pós-pandemia
Sem dúvida o grande desafio que Janaina terá pela frente está atrelado à retomada do turismo. A agência vai reiniciar com viagens pelo Brasil e com a intenção de continuar a inspirar as pessoas. Além disso, a Be Happy também apoia o movimento do Ministério do Turismo Supera Turismo Brasil. “O nosso país é belo, temos chapadas, florestas, praias e serras. Somos um dos lugares com maior diversidade de belezas naturais do mundo. Não faltam oportunidades para o setor no país.”
Vale ressaltar que o turismo movimenta as economias locais, é a mola que impulsiona a economia brasileira, representando 8% do PIB nacional. “Estamos engajadas: vamos arregaçar as mangas, o turismo precisa de nós!”