Cintia Pellin Rad começou a trabalhar cedo e sempre buscou oportunidades. Quando a empresa do pai passou por um revés, não hesitou: aliou-se ao irmão mais novo na linha de frente da Alpa, distribuidora de perfis de alumínio para os segmentos de construção = civil, moveleiro e metalmecânico. Casada com o piloto de motovelocidade Leandro Fernandez Rad e mãe de Antonella e Georgia, valoriza a saúde acima de tudo e tem na família o maior alicerce.
O sonho da menina que adorava concursos de miss era ser modelo, mas a trajetória profissional de Cintia Pellin Rad acabou seguindo por outros caminhos. Filha do atual presente da S.E.R Caxias, Vitacir Pellin, e torcedora apaixonada do time grená, ela assumiu há cerca de oito anos papel-chave na empresa fundada pelo pai há mais de uma década e meia, a Alpa Alumínio, quando o departamento comercial da distribuidora de perfis se desestruturou da noite para o dia.
Formada em Tecnologia de Polímeros, com pós-graduação em Marketing, ambos pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), ela atuava na área de vendas de uma concessionária de veículos quando o pai pediu a ajuda dos filhos, Cintia e o irmão mais novo, Éder, para enfrentar a saída de toda área comercial da Alpa. “Vim para ajudar de todas as formas, tínhamos que nos reestruturar depois do baque. Felizmente, existem anjos em nossas vidas. Duas ex-funcionárias que estavam sem emprego se mobilizaram, uma morando em Pelotas e outra em Canoas, e vieram para cá até contratarmos novas pessoas, foi um recomeço total”, relembra.
Começou a trabalhar cedo, no contraturno escolar, e sempre se reinventou, buscando oportunidades. O primeiro emprego foi como secretária substituta na empresa do tio durante a licença-maternidade de uma funcionária. Depois foi convidada a estagiar na escola de informática onde fazia curso de datilografia e computação, também na área administrativa. O lugar recebia currículos de outras empresas que estavam selecionando e surgiu uma oportunidade no setor financeiro, área de contas a pagar e recursos humanos em uma distribuidora de aço, onde atuou por oito anos e meio.
Saiu para trabalhar em uma empresa da qual o pai era sócio. Pouco mais de um ano depois a sociedade foi desfeita e Cintia ficou sem emprego. “Aí fui à procura, buscava em jornal, sempre me virei.” Foi, então, trabalhar numa concessionária, com venda de automóveis, algo diferente de tudo que já tinha feito. Dali foi para outra, onde conheceu o marido, o piloto e professor de motovelocidade Leandro Fernandez Rad.
Foto Lisi Viezzer
Comunicativa e com um jeito simples e franco, Cintia tem o perfil comercial, ama trabalhar com vendas, como o pai, que além de empresário foi representante comercial. Da mãe, Vilma, herdou a versatilidade e o desejo de contribuir como pode. “A mãe sempre foi do lar, mas encontrava formas de ajudar no sustento da família, costurando lençóis térmicos, polindo peças para empresas.” Atualmente, a empreendedora cuida do comercial interno e supervisiona toda a parte administrativa da Alpa. O irmão e único sócio acompanha as vendas externas, visita clientes e coordena o Centro de Treinamento Alpa 360, que qualifica profissionais para a fabricação e montagem de esquadrias, aproximando e fidelizando clientes. “Seu Vitacir”, como Cintia se refere ao pai no ambiente de trabalho, aos 68 anos, continua como conselheiro, acompanhando fechamentos em que é requisitado pelos clientes.
Nos últimos meses, se percebeu um reaquecimento da economia, especialmente após o período eleitoral, tanto que setembro registrou recorde histórico de faturamento na Alpa. Bons resultados que Cintia atribui aos movimentos e estratégias adotadas pela empresa, com lançamento de novos produtos, engajamento da equipe de vendas e relacionamento com clientes. Para 2019 a ideia inicial é manter a meta de crescer 15%, como esse ano, equilibrando também a inadimplência.
Entre as novidades está a expansão do mercado em Santa Catarina, com a contratação de um representante. A empresária não vê dificuldades em ser mulher no meio onde atua. “É muito tranquilo, tenho um vocabulário simples para tratar com as pessoas, meus empregos quase todos foram com público masculino, minha faculdade também, fui criada em volta de guris, acho que usando a linguagem deles, eles se sentem confortáveis comigo.” O dia a dia é corrido, com funcional logo cedo e tempo integral na empresa. Nos fins de semana costuma correr e, antes das pequenas, Antonella, cinco anos, e Georgia, de quase dois, pedalava.
Para equilibrar, aprecia a vida social, adora estar com amigas e participar de eventos como os da Confraria da Mulher. “Gosto muito de estar com minha mãe. Ela faz minhas filhas rirem, se estou preocupada, sempre tem uma palavra para ajudar, me deixar mais confortável... a companhia dela é fantástica.” O que também não fica de fora da rotina é acompanhar os jogos do Caxias. “Sou grená fanática, vou para o estádio, xingo muito... Quando não tinha as meninas era de ficar gritando na beira do alambrado, agora elas vão comigo, nem grávida parei de ir.”
Nascida e criada no bairro Pedancino, segue morando no mesmo lugar, perto dos pais. “Meu marido brinca que meu cordão umbilical é de no máximo 300 metros.” Seu maior desejo é criar bem as filhas, com valores de simplicidade e autonomia, e que a família tenha saúde. “Sempre quis ser mãe de dois, queria duas filhas e Deus me presenteou com elas. Antonella é vaidosa como eu e a Georgia é uma serelepe, são superagarradas a mim. E já andam de moto, a maior tem macacão e capacete e, a pequena, uma motinho elétrica.”
Por Vivian Kratz.