Em tempos de crise econômica, a necessidade é clara: cortar gastos para não ficar no vermelho. Esse é um importante momento de reflexão para aproveitar ao máximo o que se tem, o que se pode pedir emprestado, e evitar o desperdício de dinheiro, de espaço e de recursos. Será mesmo preciso comprar uma furadeira só para pendurar aquele quadro da família na parede? Alguns condomínios já disponibilizam ferramentas compartilhadas para os moradores, pois perceberam que o importante não é a posse, mas o acesso ao bem.
Esse exemplo de economia compartilhada, felizmente, não é um caso isolado. Ao que tudo indica, essa nova forma de pensar e de viver o consumo veio para ficar. Em 2015, a receita anual global do setor foi de US$ 15 bilhões e esse número saltará para US$ 335 bilhões em 2025, estima a PricewaterhouseCoopers (PwC). O Brasil não está fora dessa: um em cada cinco brasileiros já ouviu falar em consumo colaborativoou compartilhado e seus benefícios, segundo a Market Analysis.
Não faltam boas práticas pelo país. Exemplo disso é a recém-lançada plataforma FARMSQUARE, que conecta pessoas que querem doar ou trocar alimentos com quem procura por eles. Idealizada pelo ator e apresentador Rodrigo Hilbert e viabilizada por um coletivo de parceiros, a iniciativa promove a alimentação saudável e a agricultura urbana, além de ajudar a combater o desperdício de comida.
O FARMSQUARE permite que pessoas de todas as cidades busquem alimentos e cadastrem o que cultivaram ou o que simplesmente não irão utilizar. Dentro da plataforma, as oportunidades mais próximas aparecem para os usuários, que podem demonstrar interesse na oferta e iniciar uma conversa para combinar a troca ou doação entre si. A conexão entre pessoas é, mais uma vez, o ponto forte.
Para o professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) Ricardo Abramovay, esse tipo de serviço é uma tendência irreversível e sua regulação passará pelo consumidor. No entanto, a economia compartilhada poderá enfrentar alguns desafios no Brasil, como a dificuldade do País em entender e aceitar a inovação, acredita o autor dos livros Muito Além da Economia Verde e Lixo Zero, lançados pelo Planeta Sustentável.