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Mulher como impacto | Elas por Eles | Revista Afrodite

Mulher como impacto

Ilustração Fernanda Mondadori 

Sorte, destino, escolha... Uma atrás da outra, elas trouxeram oportunidades únicas de pensar e sentir diferente.

HÁ DOIS TIPOS de referências que seguimos na vida, que moldam personalidade, sonhos e até o modo como vamos lidar com as pessoas. Como encarar o mundo. Se com mais força, menos medo, mais doçura, ainda mais ímpeto. A primeira é aquela que te apresentam de cara. Quase impondo modelo de sucesso ou espécie de garantia de uma vida de chegadas. A segunda é a que reconhecemos. As dessa categoria vêm sem querer, sem que alguém possa controlar. Ninguém nos aponta. Surgem à medida que a alma precisa.

Para um garoto, o corriqueiro é que figuras masculinas sejam colocadas aos olhos como opção de escolha. Exemplos de carreira e vida pessoal. Homens nos quais se espelhar quando o confronto com a realidade chegar inevitável. 

Eu fui mais um a não sair ileso a tantas referências indicadas. E gosto que tenha sido assim. Cada uma das que carregam o mesmo gênero que o meu, e decidi tentar repetir, ajudaram um pouquinho a criar o Egui que hoje escreve, e escolhe, e vive. Tudo a toda hora. Mas uma peculiaridade, que costumo chamar de sorte, mudou ainda mais esse mesmo agora Baldasso. Desde sempre, foram algumas mulheres que vi escancaradas à frente, como chances que julguei por bem não ignorar. Segui-las, muito mais do que amá-las.

Veio de casa, óbvio, o primeiro exemplo. Pelo destino, forjado ou não, não teve relevância profissional. Mas fez da criação e educação dos três filhos a obtenção de um diploma que poucas conseguem. Atingiu inteligência emocional e força de defesa dos seus que poucos ostentam por aí. Dentro das mesmas quatro paredes, outra me mostrou que o mundo vai ser sempre lugar pequeno quando o coração dele tiver sede. 

Quando fui à rua, uma chefe me ensinou algo sobre liderança, visão de mercado. O trato com funcionários e superiores. As armadilhas e os desafios de cada universo. Que precisamos nos mexer, mexer com o apático, o confortável, para que o ao redor mexa junto. Logo ali adiante, dividi angústias e pautas com quem olhava para os dias de forma destemida que raras vezes vi parecida. Lembro de quando encarou o machismo no alto da sua segurança, e relegou o idiota que imaginou constrangê-la a um constrangimento que ensina, porque nunca mais presenciei o machismo dele em situações que poderia ter se repetido.  

Há alguns anos, decidi recorrer a elas nos livros, também. A guerra não tem rosto de mulher, da bielorussa Svetlana Alexievich, uma das melhores que já conheci, me fez ver que a própria história tem pouca voz feminina, e busquei nas palavras delas mais uma chance de ler o meu mundo. Uma atrás da outra trouxeram oportunidades únicas de pensar e sentir diferente. Ainda com minhas convicções, mas agora com a influência de quem tem infinitos argumentos e feitos para seguir buscando a sociedade igual que tanto se fala e pouco se pratica.

Sorte, destino, escolha. O impacto que tantas mulheres causaram no ser humano que sou hoje jamais poderá ser mensurado. Elas são referência. De sucesso, de onde chegar. De como fazer. Enxergá-las apenas como complemento ou à margem dos homens é perder. Tempo e dinheiro. Mas, acima de tudo, a chance de ver o quão longe podemos ir. Coisa que somente essas mulheres me proporcionaram.