Ilustração por Fernanda Neves Mondadori
É difícil e doloroso lidar com a frustação de não realizar o sonho de engravidar ou perceber que deixou a chance escapar.
HOJE AS MULHERES são protagonistas em muitos papéis. Vivem novas experiências e assumem grandes responsabilidades para conquistar seu espaço. Com tantas atribuições, o sonho da maternidade vai ficando para trás.
Diante de tantos caminhos a tomar, a escolha de ser mãe nem sempre é tão fácil. As dúvidas sobre o futuro, a dedicação à carreira e encontrar um parceiro ideal são apenas alguns dos dilemas enfrentados pelas mulheres. E assim, essa decisão vai sendo adiada. Porém, depois de alguns anos chega o maior dos desafios: a luta contra o tempo. A própria natureza impõe às mulheres mais essa condição, e após os 35 anos o índice de fertilidade feminino reduz de forma bem considerável. Além da dificuldade de engravidar, a partir dessa idade aumentam também os riscos durante a gravidez.
Para muitas mulheres, quando esse momento chega, começa uma nova fase de suas vidas. Diante dessa nova realidade desafiadora, ser mãe passa a ser uma meta de vida e então é preciso lidar com a ansiedade e o medo de não poder engravidar. A verdade é que esse tema nunca é tão simples. E seja qual for o motivo da infertilidade, é difícil e doloroso lidar com a frustração de não realizar esse desejo ou de ter deixado escapar essa chance que transforma para sempre a vida de uma mulher.
Nesse momento, a mulher precisa e merece apoio, do marido, da família e do médico, que poderá encaminhar a melhor solução para que o sonho, mesmo que adiado, possa ser realizado. É um período de angústias para ela em função da insegurança que irá sentir pela expectativa da espera.
Como médico atuante na área de reprodução humana, recebo muitas mulheres em busca de uma gravidez que ainda não se realizou. E com elas compartilho um pouco dessa angústia, mas, principalmente, trabalho na busca de um tratamento que traga esperança e chances reais de sucesso.
Depois de tantas histórias de vida em 16 anos de trabalho só em Caxias do Sul, posso afirmar com toda a convicção que ser mulher é ter, dentro de si, uma força insuperável e uma determinação indescritível. É ter a coragem necessária para enfrentar qualquer desafio. E entender que ser mãe é e continuará sendo a escolha mais transformadora de todas.
Fábio F. Pasqualotto é urologista atuante em Reprodução Humana Assistida.