Uma homenagem às mulheres que não se deixam abalar pelas circunstâncias da vida.
MULHER, UM SER TÃO FRÁGIL como uma rosa e ao mesmo tempo tão forte como uma rocha...
Lembro-me como se fosse hoje, eu observando minha mãe, dona Neuza Thomazoni, uma senhora humilde, batalhadora, com uma força extrema e um coração enorme, cheio de amor para dar a todos. Veio do interior de Caxias do Sul, aos 15 anos, com a família, em busca de uma nova vida depois que meu nono, Avelino Thomazoni, vendeu a propriedade no distrito de Fazenda Souza.
Aos 18 anos, a jovem Neuza conhece meu querido pai, Clóvis Cardoso (in memoriam ). Aos 19 se casam, iniciando uma família. Aos 20, teve sua primeira filha, minha irmã, Jaqueline. A vida foi passando, dona Neuza sempre zelando pela família, pelos afazeres domésticos, pela janta pronta para quando meu pai chegasse em casa do trabalho – ele trabalhou por 28 anos na antiga Empresa Eberle S.A.
Quando tinha 28 anos, sofreu dois abortos, os quais quase lhe tiraram a vida. Mesmo assim, após irreparável perda ela se recuperou, se fortaleceu e seguiu a vida com todo carinho e amor que sempre teve em seu coração. Aos 33 anos, dona Neuza engravidou novamente e teve gêmeos, meu irmão Jacson e eu. Durante a gravidez, que era de extremo risco, ela teve que se resguardar e ficar em repouso por um longo tempo. O parto teve complicações e quase a levou a óbito novamente.
Após dois anos, meus pais se separaram. Ele mudou de casa e constituiu uma nova família. Minha mãe ficou com uma filha adolescente, de 13 anos, para cuidar, além dos gêmeos, com apenas dois anos, que dependiam muito dela. Mesmo passando por tudo isso ela não se abalou e manteve a cabeça erguida. Com toda força, seguiu em frente.
Por mais que nosso pai sempre estivesse presente, e foi o melhor pai do mundo, quem sempre estava junto de nós era a nossa mãezinha, a dona Neuza: quando os bebês tinham cólicas, quando estávamos doentes. Quando minha irmã precisava de um conselho ou saia com os amigos para as festas, quem não dormia enquanto ela não chegasse em casa? Quando nos machucávamos jogando futebol, quem estava ao nosso lado? Lembro-me que minha mãe nos levava e buscava no colégio até os 10 anos, sempre preocupada com nosso bem-estar.
A vida é feita de altos e baixos para todos e com dona Neuza não foi diferente. Obstáculos, tristezas, alegrias, decepções... Mesmo assim, se manteve de pé firme como uma rocha. O tempo foi passando, nos tornamos adultos e hoje dona Neuza está com 70 anos. Neste mesmo ano foi diagnosticada com câncer de mama. Por mais que fosse recente, sem risco de perda da mama, estávamos todos muito preocupados, pois aquela mulher tão frágil como uma rosa teria que se tornar novamente forte como uma rocha e enfrentar mais esse desafio.
Não foi diferente, ela se manteve de pé e, graças a Deus, sua recuperação foi rápida, hoje totalmente curada e cheia de saúde. Mais uma vez, nos mostrou uma enorme força, pois mesmo em tratamento quem nos dava conforto e colocava de pé era ela.
Esse é apenas um exemplo entre milhares de mulheres que passam por situações parecidíssimas com as que minha mãe passou e venceu. Faço uma simples e mais que merecida homenagem a todas as mulheres que não se deixam abalar pelas circunstâncias, mas se fortificam e seguem em frente.
Não devemos deixar que a falta de tempo nos distancie do que é essencial. O importante é semear o amor, é estar presente para as pessoas que amamos, é dar um abraço, um gesto de carinho, dizer que amamos... pois pode ser que amanhã não tenhamos mais a oportunidade de amar.