A nova arma antienvelhecimento não é um sérum poderoso nem um creme com ativos milagrosos, muito menos um procedimento inovador. O aliado da vez é a cápsula de picnogenol, extrato que carrega uma longa lista de benefícios, em especial o alto poder antioxidante – superior ao das vitaminas E e C.
A substância foi descoberta nos anos 50 pelo francês Jacques Masquelier, professor daUniversidade de Bordeaux, após estudar os relatos da viagem do explorador Jacques Cartier feita em 1534 ao Canadá. Cartier conta em seu diário que um chá preparado com a casca do pinheiro-marítimo, árvore encontrada na região de Landes, no sudoeste da França, salvou sua tripulação da fadiga e do escorbuto. Masquelier pesquisou por anos o vegetal até criar e patentear o picnogenol. Durante décadas, ele foi utilizado na prevenção de doenças cardiovasculares, até cair nas graças dos dermatologistas, que passaram a prescrever as cápsulas como complemento nos tratamentos para melasma e outros distúrbios de pigmentação.
Agora, o picnogenol volta a ser assunto após um recente estudo feito na Alemanha, que buscava soluções para combater o envelhecimento da pele causado pela poluição. As partículas de impurezas quebram a barreira de proteção da pele, causando envelhecimento prematuro, linhas de expressão e rugas.
“A poluição ativa receptores orgânicos em um nível mais alto que os raios UVA, em um processo que acaba causando inflamação e destruição de colágeno”, explica o dermatologista alemão Jean Krutmann. Ele conduziu dois estudos: um com 20 mulheres na pós-menopausa e outro com 112 mulheres que apresentavam sinais de fotoenvelhecimento, resultado da exposição solar excessiva. Ambos os grupos tomaram 75 mg de picnogenol durante 12 semanas. No primeiro, Krutmann observou um significativo aumento na elasticidade e na hidratação da pele, além de um boost na produção de ácido hialurônico (responsável por manter a água na pele). No segundo, houve uma relevante redução de manchas de idade.
Especialista em distúrbios de pigmentação, a dermatologista Samanta Nunes, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, prescreve o suplemento aos pacientes como complemento do tratamento tópico, mas também aos que sofrem com inchaço das pernas durante viagens de avião. “Além da função antimanchas, ele é um poderoso anti-inflamatório e um superantioxidante, que regula a produção de radicais livres, os grandes responsáveis pelo envelhecimento e doenças”, explica ela, que toma religiosamente, há 20 anos, duas cápsulas por dia.
Antes de correr para a farmácia mais próxima, saiba que, no Brasil, o autêntico picnogenol está disponível apenas em duas formas: manipulado ou em formulação destinada ao tratamento de problemas vasculares e edema dos membros inferiores. E há ainda uma confusão de nomenclatura entre os fornecedores europeus e americanos. “O nome patenteado picnogenol é oriundo do extrato dos pinheiros-marítimos franceses (pinus pinaster), mas os “picnogenóis” se referem a uma série de produtos antioxidantes que podem ser extraídos da semente de frutas, como a uva”, alerta Hélio Amante Miot, diretor da Sociedade Brasileira de Dermatologia.