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As mudanças posturais da gestação | Revista Afrodite

Maternidade

Foto Depositphotos
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O momento mais especial da vida da mulher que decide ser mãe vem repleto de mudanças. Biológicas, emocionais, físicas e sociais, elas exigem atenção para que a gestação seja tranquila. A fisioterapeuta Sílvia Bazzi explica que nessa fase o corpo feminino muda tanto de forma biopsicossomática como socialmente e entender  que isso interfere na qualidade de vida da futura mãe é o primeiro passo para, inclusive, curtir essa etapa de muitas transformações.

No aspecto somático, as alterações posturais vão bem além do evidente crescimento da barriga com o passar dos meses. As mudanças fisiológicas são inúmeras e começam já no início da gestação, com o relaxamento dos músculos, tendões e ligamentos através da ação hormonal para que o corpo feminino crie o espaço interno apropriado para o bebê se desenvolver de forma saudável dentro do útero. “Caso contrário, a criança pode nascer com alterações, como pé torto congênito, por exemplo”, observa a especialista. Essa frouxidão ligamentar transitória, como é chamada, pode gerar dores e diversos desconfortos na mulher como:

  • Dores nas articulações: pela modificação da estabilidade dos pés, tornozelos, quadril, lombar, cervical, punhos... Por isso é comum a gestante relatar dor no ciático, lombar, joelhos, baixo ventre, de cabeça e tendinite nos punhos.
  • Síndrome do Túnel do Carpo e Tenossinovite de De Quervain: são consequências comuns nas gestantes, que resultam do inchaço pela maior retenção de líquido nas extremidades. “O organismo precisa levar nutrição também para o bebê, por isso, a circulação periférica de braços e pernas fica mais lenta, inclusive para retirar as toxinas resultantes da contração muscular do metabolismo celular”, afirma a fisioterapeuta. Um processo que favorece a tendinite, por exemplo.
  • Fascite plantar e esporão de calcâneo: nos pés, é comum observar dor no calcanhar e na curva do pé, também decorrentes da dificuldade da circulação periférica e do aumento de peso corporal.

A hipercifose torácica é outra alteração importante no corpo da grávida. À medida que as mamas ganham volume, para deixar as glândulas preparadas para a produção do leite, o corpo busca uma postura de proteção, fazendo uma “corcundinha”. Essa postura faz com que a cabeça se projete mais anterior, às vezes pressionando a região do crânio na nuca, causando não apenas dor na cervical, mas também de cabeça.

À medida em que o útero aumenta de tamanho, pelo desenvolvimento do bebê, o abdômen se projeta para frente, a torácica continua pendendo para trás, para que o corpo não caia. “Em resumo, enquanto a curva da lombar aumenta com o crescimento da barriga, formando uma hiperlordose, amplia a hipercifose torácica, que irá gerar mais pressão nos calcanhares.” A consequência desse processo são contraturas causadas pelo aumento de pressão da musculatura dos glúteos (médio, mínimo, máximo), que têm a função de estabilizar o quadril e o piriforme.

Para se entender como tudo está interligado, sob o músculo piriforme, passa o nervo ciático que inflama ao ser comprimido pela contração da musculatura pélvica. Geralmente isso acontece no lado onde o quadril é mais baixo, apresentando uma tendência de rotação interna, o que dificulta o retorno do sangue dos pés ao coração, já que na região da virilha há vasos importantes para o retorno venoso. “Pés e pernas ficarão mais inchados em função da retenção de líquido, aumentando a sensação de peso e de cansaço nas pernas”, esclarece Sílvia, que alerta as grávidas a evitarem cruzar as pernas, movimento que aumenta o problema.

“Cruzar as pernas, um vício postural das mulheres, é muito prejudicial para a gestante e tende a aumentar muito os sintomas de dores e de inchaço, já que o movimento aumenta a compressão dos vasos sanguíneos, dificultando a circulação”, Sílvia Bazzi


O QUE FAZER

Manter o corpo em movimento, dar atenção aos sinais das mudanças e fazer boas escolhas são fundamentais para reduzir os sintomas das alterações posturais durante a gravidez, mas não apenas isso. Esses cuidados também irão auxiliar no parto e pós-parto.

Atividade física
De acordo com Sílvia, os exercícios de baixo impacto, como pilates, ioga, hidroterapia e natação, melhoram tanto a mobilidade das articulações, ao diminuir a tensão da musculatura para reduzir as dores, quanto para facilitar o processo do parto normal. “Às vezes, o corpo não consegue produzir hormônios suficientes para fazer a dilatação necessária para o parto normal. Por isso, os exercícios de mobilidade pélvica, flexibilidade da musculatura do quadril e relaxamento acabam sendo muito importantes para facilitar o processo.” Além de tudo isso, a atividade física atua na melhora do condicionamento físico para que a recuperação pós-parto seja mais rápida, fácil e com maior qualidade possível.

Drenagem linfática
Estimula o sistema linfático para eliminar o excesso de fluidos do corpo, sendo muito importante para reduzir a sensação de cansaçonas pernas. Ajuda a diminuir o inchaço das pernas e pés.

Liberação miofascial e terapia craniossacral
Essas técnicas manuais irão garantir a mobilidade dos ossos do crânio aos da coluna, e dos músculos da fáscia e das meninges, diminuindo as dores no corpo e também a enxaqueca.

Calçados anatômicos
Dê preferência para calçados que tenham relevo na região da curva do pé, que preencha o arco plantar. Eles ajudam a diminuir as dores no corpo e o inchaço nas pernas ao fazer uma contenção da rotação interna do quadril. A região da curva do pé se relaciona com a lombar e os joelhos, na Reflexologia Podal, e o ganho acentuado de peso, principalmente no último trimestre, faz com que se tenha mais dores nessas regiões.
O calçado também deve ter boa absorção de impacto. Para isso, é fundamental que tenha um saltinho de um a três centímetros para a melhor distribuição do peso corporal na planta do pé, o que diminui o impacto no caminhar e evita inflamações e dores nos pés. Sapatos sem costuras e com materiais elásticos também são boas escolhas, avaliza a especialista. “Como o pé incha, tecidos como malha, neoprene e telas permitem maior mobilidade, principalmente dos dedinhos, pois se ajustam às variações do volume dos pés em função da retenção de líquido.”

CONJUNTO DE MUDANÇAS

As consideráveis transformações do corpo feminino durante a gravidez atingem todos os aspectos humanos e merecem atenção. São biopsicossomática e social.

  • Biologia: o aspecto biológico envolve todo o desenvolvimento da criança, que gera alterações na alimentação da mãe em função da nutrição do bebê e na pressão sanguínea. O foco está no que a criança precisa, o que só pode ser adquirido através da mãe.
  • Psicologia: ser mãe é um desafio novo, como se estivesse assumindo um trabalho sem experiência prévia, no caso do primeiro filho, nenhum curso ou formação específica. “A mulher vai experimentando, na tentativa de fazer o melhor possível naquele momento. Não sabe se vai dar conta, mas busca fazer o melhor que se pode.”
  • Somático: toda a questão postural, fisiológica. As mudanças físicas pelas quais o corpo feminino passa para acomodar de forma saudável o bebê. Geralmente um processo acompanhado de muitas dores e desconfortos.
  • Social: quase sempre a mãe também é uma profissional e acaba com preocupações em relação ao seu trabalho. Sobre o tempo que vai ficar cuidando do bebê e como vai ser o retorno às atividades. Toda essa organização, não só de administrar o seu trabalho, mas também gerenciar a casa e cuidar desse bebê, geram um impacto social importante.

Apresentado por Sílvia Bazzi - Clínica Revigoore | Dr. Emílio Ataliba Finger, 211, Colina Sorriso | Caxias do Sul | (54) 3211.4426 | 99124.9820 | revigoore.com.br |  @clinicarevigoore