Dr. Luciano Machado | Foto Juliano Vicenzi
Temos uma grande e única certeza na vida: a morte. Tema árduo para debater e envolto por atmosferas religiosas, espirituais e culturais, mas, inegavelmente, presente no nosso dia a dia. Nesses tempos sombrios, com tragédias virais, guerras e tantas outras preocupações, a reflexão é inerente.
Quando coisas ruins acontecem, a maioria se perturba. Não se trata de uma ‘doença’, mas de uma reação humana. Se o sofrimento for maior do que se espera é que precisamos ficar alertas para a presença de um problema. Ao enfrentarmos a perda de uma pessoa amada, entramos no processo emocional chamado “luto”.
Uma das confusões mais comuns se dá entre luto e depressão. Ao diferenciá-los é útil considerar que enquanto no primeiro, o afeto predominante inclui sentimentos de vazio e perda, no outro há humor deprimido persistente e incapacidade de antecipar a felicidade. O luto pode diminuir de intensidade ao longo do tempo, ocorrendo em ondas. Essas tendem a estar associadas a pensamentos ou lembranças do que se perdeu.
A psiquiatra e escritora Elisabeth Kübler-Ross descreveu as fases do luto: negação – quando a pessoa ‘faz de conta’ que a morte não aconteceu; raiva – em que ocorre a tendência a achar culpados pela morte; negociação – são feitas promessas para que a morte não ocorra ou seja revertida; tristeza – quando os mecanismos anteriores falham e a percepção da ausência é sentida em toda a sua realidade; e a aceitação – período em que se aprende a continuar vivendo. Todas essas etapas são normais, desde que não sejam estanques e não persistam por mais de um ano. Pessoas mais propensas a terem um luto que ultrapassa o tempo normal de resolução, são justamente aquelas que enfrentam uma perda súbita.
Conversas, contando e recontando os fatos quantas vezes forem necessárias, observar as datas e homenagens são atitudes que podem auxiliar no processo de elaboração. Respeitar seus próprios sentimentos e seu tempo, sem temor de ficar triste, chorar, ou até mesmo sentir raiva, medo ou vergonha de buscar ajuda especializada.
Fonte Lato Sensu