O diabetes é a doença não-transmissível que mais cresce no mundo. No Brasil, são 17 milhões de adultos convivendo com o problema, o equivalente a 11,4% das pessoas entre 20 e 79 anos, de acordo com os dados coletados pela Federação Internacional de Diabetes, em novembro de 2019, um crescimento de 31% em relação a 2017. Os números também revelam que 90% dos casos correspondem ao diabetes tipo 2, ou seja, a forma mais comum da doença. Mas não se engane, problemas simples de saúde podem derivar para um quadro grave em alguém com qualquer uma das formas de diabetes. Por isso, a condição precisa ser levada muito a sério.
Apesar dos números crescentes, às vésperas do Dia Mundial do Diabetes, instituído em 14 de novembro, uma novidade animadora foi publicada na Revista Latino-Americana de Enfermagem. Pesquisa realizada com pacientes que apresentam diabetes mellitus tipo 2 mostrou o gengibre como arma poderosa no controle da doença: a planta promoveu a redução das taxas de glicemia e também os níveis de colesterol dos participantes. Os estudos fazem parte da tese de doutorado da pesquisadora brasileira Gerdane Celene Nunes Carvalho, defendida na Universidade Federal do Ceará, e mostram que pacientes diabéticos que tomaram 1,2g de gengibre diariamente, durante três meses, tiveram redução de 20,3mg/dl a mais na taxa de glicemia em comparação com os que ingeriram placebo.
“As evidências sugerem que o gengibre tem potencial terapêutico no tratamento do diabetes tipo 2 e, assim, pode ser indicado como fitoterápico de ação complementar para a redução dos níveis glicêmicos e lipídicos, auxiliando no controle da doença”, afirma a pesquisadora. Ela conta que a alta prevalência do problema no Brasil e a dificuldade das pessoas em controlarem a taxa de glicêmica serviram de motivação na descoberta de novas estratégias para evitar as complicações agudas e crônicas da doença.
Os tipos da doença
O diabetes se caracteriza pelo excesso crônico de açúcar no sangue, o que acaba desencadeando complicações nos rins, coração e nervos, podendo levar a infartos, perda de visão e até a morte. O tipo 1 é ocasionado pelo ataque das próprias células de defesa ao pâncreas, que pode acontecer por uma herança genética em conjunto com fatores ambientais, como infecções virais.
O tipo 2 manifesta-se quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz ou não a produz em quantidade suficiente para controlar a taxa de glicemia no sangue. Está diretamente relacionada ao sobrepeso, sedentarismo e hábitos alimentares inadequados, ou seja, um condição que pode ser evitada. Fazer exames periódicos é fundamental, já que os sintomas só aparecem anos depois da instalação da doença, o que a torna mais grave.
A PESQUISA
- A pesquisa, na Universidade Federal do Ceará, teve início com 144 pessoas diagnosticadas com diabetes tipo 2, que faziam acompanhamento em unidades
de atenção primária à saúde, e foi concluída com 103 pacientes.
- Os participantes foram divididos em dois grupos e pareados um a um. O grupo experimental tomou duas cápsulas de gengibre em pó (1,2g) diariamente, durante três meses. No grupo de controle, os pacientes ingeriram placebo. Todos foram orientados a manter os medicamentos para diabetes que já faziam uso.
- Os participantes foram escolhidas aleatoriamente, e nem os participantes ou os pesquisadores tinham conhecimento de quel grupo cada um pertencia. Das 103 pessoas, 47 eram do grupo experimental e 56 do grupo de controle.
- Na comparação intra e inter grupos, os participantes que receberam as doses de gengibre tiveram redução de 20,3 mg/dl a mais nos níveis de glicemia venosa de jejum do que aqueles que não receberam nenhum tratamento. Também houve diminuição, embora menos significativa, dos níveis de hemoglobina glicada e colesterol total.
Fonte Agência Bori