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Por Sarah Helena de Souza
Muitos estudos, como os de psicologia pré-natal, apontam sobre a importância dos primeiros anos de vida no desenvolvimento integral das crianças. Os 1000 dias iniciais são tão importantes que se tornaram um conceito a justificar a relevância dos cuidados e da proteção dos primeiros anos de vida.
É neste período, também chamado de primeiríssima infância, que acontecem as evoluções mais importantes e os maiores saltos no desenvolvimento, sendo que o ambiente é determinante para impulsionar este amadurecimento integral. Assim, ler ainda na gestação é algo muito benéfico, tanto para o bebê como para a mãe. A partir da vigésima semana, o feto já pode ouvir os sons extra uterinos e, com isso, já consegue perceber ritmos, cadências, tonalidade de voz e musicalidade, então, é o momento ideal para ambientá-lo ao universo da leitura.
Um estudo americano, da Rutgers Robert Wood Johnson Medical School, revela que ao ler para a criança, o adulto também se beneficiando da ação. E tem mais, uma outra pesquisa realizada pela Universidade de Newscastle, na Austrália, afirma que quando o assunto é desempenho escolar, os pequenos que são expostos com frequência aos livros antes dos cinco anos ficam à frente daqueles que não têm este estímulo.
Há análises que mostram que crianças de zero a seis anos, que não têm acesso à leitura, possuem um vocabulário pelo menos três vezes menor do que o daquelas com acesso. A Academia Americana de Pediatria publicou um guia encorajando os pais a lerem para seus filhos, começando no nascimento, afirmando que isso reforça a ligação entre pais e filhos e prepara o cérebro dos bebês para a linguagem e habilidades de leitura e escrita.
A Scholastic, editora dos EUA especializada e livros para crianças e jovens, divulgou o relatório de sua pesquisa Kids & Family Reading Report - The Rise of Read-Aloud. Como indica o título da pesquisa, constatou-se que a leitura em voz alta dos pais vem aumentando de forma consistente, particularmente em relação à precocidade do momento em que isso começa.
Para terceiros, a leitura próxima à gestante pode ser uma forma de ter contato com o feto e estabelecer um vínculo, antes mesmo do nascimento, e de tornar sua voz familiar e afetiva, contribuindo inclusive para o bem-estar da mamãe. Afinal, o amor é um vínculo a ser construído.
No mercado inclusive, há diversos conteúdos específicos para recém nascidos e crianças de até um ano de idade. Os mais aconselhados para esta fase são os com contrastes em preto e branco, pois prendem a atenção dos pequenos. Afinal, nesses primeiros meses, a visão dos bebês ainda é limitada e precisa ser estimulada.
A partir do segundo ano de vida, os livros brinquedo, com fantoches e texturas, unidos à mediação do adulto, passam a fazer mais sentido. Já nesta altura, a criança pode responder mais claramente aos estímulos dados a partir do livro.
Ler para um bebê ainda na gestação e após o nascimento é apostar que ali existe alguém que está te ouvindo e te entendendo como pode. Essa crença é que nos humaniza, essa aposta no outro é que faz o outro emergir, existir. Dessa forma é possível criar um ambiente favorável ao pleno desenvolvimento de suas potencialidades. Dito tudo isso, se você, (mamãe, papai e/ou família) ainda não começou a leitura para seu bebê, não perca mais tempo! Boa leitura!
*Sarah Helena de S. Silva é analista de Curadoria e Conteúdo da PlayKids. Mestranda em Educação Profissional e Tecnológica formada em Psicologia, especialista em Filosofia.