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A pandemia proporcionou diversas mudanças sociais de comportamento, em especial nas relações familiares, aproximando quem estava no seio dela. Antes do isolamento, o brincar com as crianças era uma prática que costumava acontecer depois do trabalho ou após a realização da tarefa escolar. Mas a necessidade de brincar mais com os filhos em casa é apontada como uma importante mudança de comportamento na pandemia.
Segundo o Prof. Dr. Joaquim Soares, do curso de Educação Física do Unipê, pais e mães puderam, nesse cenário, participar mais ativamente no crescimento e desenvolvimento de seus filhos, vendo suas descobertas, diferente do que ocorre em berçários.
Estimular a criança com brincadeiras amplia o seu repertório psicosociocultural, melhora capacidades motoras (força, equilíbrio, resistência, agilidade) e aumenta a coordenação motora (saltar, correr, girar, rolar, engatinhar, subir, pular).
Assim, o desenvolvimento corporal é sadio, melhorando funções cardiorrespiratórias, deixando fluir a imaginação e criatividade, ampliando fatores da inteligência. Ao brincar, elas aprendem as relações interpessoais, as regras sociais e o respeito pelo outro. “Acima de tudo, é a partir do simples ato do brincar que a gente modela o ser humano, tornando-o mais solidário e cooperativo”, frisa Joaquim
O especialista explica que o brincar aflora o poder de decisão e escolha, de aprender a ganhar e a perder, e também de quebra de preconceitos. “É brincando que se aprende as coisas do mundo, pois a criança que brinca se tornará um adulto mais bem preparado para lidar com as intempéries de uma sociedade ainda tão confusa.”
Quais brincadeiras? A depender da faixa etária e do espaço em casa, são possíveis, por exemplo: amarelinha; pular de corda; esconde-esconde; jogo da velha lançando panos nos espaços até formar a sequência; bola de gude; pega varetas gigantes, com cabos de vassouras; estátua; brincar de casinha, ou de carrinho construindo estrada; vivo e morto; passa anel e jogos (das cadeiras, eletrônico interativo e os de tabuleiro).
“Podemos ainda ler um livro com uma história curta, assistir a um filme e comentar depois, conversar sobre um assunto de interesse da criança, ouvir música e cantá-la, contemplar a natureza pela janela, falando sobre o que está vendo”, complementa.
E se impedir a criança de brincar? “Ela fica agressiva, destruidora, encontra formas de chamar atenção por situações que ela já reconhece que o adulto não gosta, mas para contrapor o impedimento do brincar ela também busca atrapalhar o adulto com choros, gritos e comportamentos inadequados. Não esqueçamos que a criança pensa, reflete e tem uma ampla noção de muitas coisas”, conta.
O brincar deve ser algo espontâneo e participativo, de integração e entrega à fantasia, que propicia construir boas relações. Do contrário, será um momento cheio de regras. “Abandone seu lado adulto e torne-se criança. Faça um resgate de sua infância, transponha-se no tempo e iguale-se aos seus filhos. Dessa forma, os dois brincarão naturalmente”, finaliza.