Qual o território possível de afirmação do samba como estética da brasilidade? Eis uma questão que movimenta conceitos, debates, teorias e rodas (de samba) e de conversas. Reverberando as folias carnavalescas, pelo viés das águas de março fechando o verão, o Instituto SAMbA promove dia 28, às 19h, um encontro denominado Tem Samba na Arte: Ensaios Sobre Samba, Bossa Nova a Pintura Brasileira.
José Correia de Lima - Retrato do Intrépido Marinheiro Simão, carvoeiro do vapor Pernambucana (1853-57)
Na perspectiva de aproximação destes temas, o professor, pesquisador e artista plástico Thiago Quadros faz um apanhado sobre as relações entre o samba e a pintura brasileira. Ele aponta um momento anterior à “invenção” do samba urbano moderno, com registros pictóricos feitos por José Correia de Lima, Rugendas, Mestre Athayde, Estêvão Silva e Modesto Brocos. Em seguida sinaliza o legado dos modernistas Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Anita Malfatti e Cândido Portinari para uma concepção ou metáfora sobre a casa de bamba e/ou figuras do samba. A abordagem segue ainda por mais duas perspectivas, com registros de um cotidiano sambista que aparece na arte naïf, nos primitivistas e autodidatas como Heitor dos Prazeres, Djanira, Chico da Silva e Maria Auxiliadora, e chega à ópera (sambista) do povo carnavalizada por Hélio Oiticica e Joãozinho Trinta.
Veja também:
O arquiteto e urbanista Maurício Rossini, que também é um dos organizadores da Batalha da Estação e do Projeto Rua, abre alas para um pensamento que aproxima o contexto urbano ao gênero musical tipicamente brasileiro. Assim, ele relaciona ou fricciona a questão da origem do samba: se na Bahia ou no Rio de Janeiro – um debate/embate histórico –, se aproximando da bossa nova e do jazz, para chegar a outro contexto musical e urbano que é o rap. Tudo na deriva da música orquestrada pelas paisagens urbanas periféricas e no aprofundamento do dilema sobre a existência de um território específico para o samba.
Nesse encontro, o Instituto SAMbA reafirma seu propósito de oferecer à comunidade cultural caxiense espaços para reflexões e debates sobre questões em torno da brasilidade em diferentes perspectivas. A atividade é gratuita e aberta ao público. A conversa terá e um acompanhamento sonoro na batida do tambor com o músico/educador Diego Lunelli e mediação do jornalista Carlinhos Santos.