Tarcísio Michelon palestrou na CIC

Foto: Julio Soares/Objetiva  

“Turismo de eventos: é o que proponho para Caxias”, enfatizou o diretor-superintendente da Rede de Hotéis Dall’Onder, Tarcísio Michelon, palestrante da reunião-almoço desta segunda-feira (31) na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC), depois de apresentar a sua visão sobre o turismo e sobre como liderou o desenvolvimento do setor em Bento Gonçalves, com a criação de roteiros e atrativos visitados por milhares de turistas o ano inteiro. “Toda minha obra no turismo foi uma obra de amor”, declarou.

O empresário afirmou que em Bento Gonçalves são realizados mais de mil eventos por ano, e que o potencial deste turismo em Caxias do Sul é superior. No entanto, a cidade se ressente com a falta de equipamentos, isto é, centros de convenções públicos ou privados. Para serem bem-sucedidos, estes espaços podem ser um patrimônio público, porém geridos pela iniciativa privada, como aFundação Parque de Eventos e Desenvolvimento de Bento Gonçalves (Fundaparque), um dos maiores parques da América Latina, ou totalmente privados, como ocorre com alguns empreendimentos na cidade de São Paulo, considerada o maior destino de eventos do Brasil, sustentou Tarcísio Michelon.

De acordo com o empresário, Caxias do Sul tem a vantagem de toda a experiência já vivida por Bento Gonçalves.

“Primeira coisa que tem que afastar em Caxias é o complexo de vira-lata, de que Caxias não é turística. Caxias é linda, tem um território fantástico, tem que começar a acreditar nela, esse é o primeiro passo. Essa fórmula eu também usei em Bento, quando ninguém acreditava também”, observou Michelon, elogiando não só as belezas do município, mas também a sua força política e empresarial. O empresário revelou que em seus 37 anos de atuação no setor, sempre apreciou os atrativos de caráter permanente. As festas, segundo ele, são atrativos eventuais.

“A atividade turística em Bento Gonçalves teve sucesso porque nós nos dedicamos a criar atrativos de caráter permanente, como a Maria Fumaça, o Caminhos de Pedra, o Vale dos Vinhedos”, explicou. Isso não quer dizer, acrescentou, que os eventos não são necessários, mas eles devem existir para promover umdestino turístico já solidificado e para preencher os pequenos vazios nas baixas temporadas do ano. Porém, não podem ser a base do desenvolvimento do turismo.

“Enquanto todos acreditavam muito nas festas, eu fiquei muitos anos sem Fenavinho em Bento, e não fez falta. Infelizmente quando eu percebi que a Fenavinho poderia ser a grande promoção do verão ou a continuidade do Natal Luz, não fui compreendido pela comunidade e fomos engolidos por ignorância”, desabafou.  Para Michelon, os prefeitos não podem desenvolver o turismo sozinhos. São os empresários e uma iniciativa privada forte que farão isso, alertou.

Tarcísio Michelon disse ainda que a decadência econômica nas décadas de 60, 70 e 80 foi a grande amiga do desenvolvimento do turismo em Bento Gonçalves. Ao começar a liderar o crescimento do setor com a rede Dall’Onder, levou a sério a afirmação da mãe, que possuía experiência em turismo, e que disse que “os turistas gostavam de tudo que era nosso”.

Hoje o roteiro Caminhos de Pedra tem 84 diferentes estabelecimentos multiculturais, que passaram a valorizar a arquitetura da imigração italiana, com a restauração e preservação das construções populares. Das seis vinícolas familiares do início dos anos 80, Bento Gonçalves hoje sedia mais de 70 empresas do segmento.

“É o turismo ajudando a indústria”, assinalou. A Maria Fumaça, outro atrativo permanente, transporta aproximadamente 300 mil turistas por ano.

A Rede Dall’Onder, que possui 2.500 leitos, será ampliada com a inauguração de mais três hotéis: um em Caxias do Sul e outro em Garibaldi, ambos em 2018, e um terceiro em Bento Gonçalves, previsto para 2020.

Fonte: Imprensa CIC